Em 2015, o vídeo da irlandesa Emma Murphy, em que denuncia agressões cometidas pelo próprio marido, rendeu mais de 9 milhões de visualizações no Facebook. A agressão em Dublin está longe de ser um fato isolado e muitos desses crimes são “justificados” pelo comportamento da vítima ou pela forma como ela se vestia.
Mulher que usa saia curta, batom vermelho ou toma atitudes ditas “típicas do sexo masculino”(,) como frequentar bares, jogar futebol, ficar até mais tarde na balada versus a moça de família, vestido até os joelhos, gosta de cozinhar, sonha em casar e ter filhos. Ambas as figuras, verdadeiros paradoxos da sociedade, correm risco de serem vítimas de estupro, uma das formas mais brutais de se agredir uma mulher. Ainda assim, há quem defenda que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”, como se comparassem a situação à de alguém que tem seu carro roubado por esquecer a porta aberta. Tal ideia reflete uma sociedade que, embora se diga modernizada e defensora da igualdade social e de gênero, ainda segrega a figura feminina e alimenta heranças das sociedades patriarcais, em que a mulher era apenas vista como um objeto e submissa à figura masculina (o que não é muito diferente de algumas famílias dos dias atuais).
Mas a agressão contra a mulher não se limita ao estupro, foram muitas as que se manifestaram sobre o vídeo de Emma, encontrando a si mesmas na situação da moça ou reconhecendo a figura de suas mães, amigas, colegas. As supostas pertencentes ao “sexo frágil” também enfrentam agressão verbal quando são assediadas no trabalho ou andando nas ruas, quando passam horas preparando uma palestra/discurso e as pessoas parecem apenas perceber o que elas estão vestindo, são insultadas quando passam anos na faculdade, mestrado, doutorado e ainda assim ganham menos que aquele colega homem. Esse mesmo, teme que a igualdade de gênero seja alcançada, porque a educação que recebeu jamais permitiria que fosse superado por uma mulher, isso feriria sua masculinidade, e é justamente isso que faz com que ele chegue em casa e queira mostrar para sua parceira quem ainda manda naquele espaço, e o pior: através da força física.
Muito mais do que feminismo e luta por igualdade de gêneros é defender a ideia de que Murphy, a garota do batom vermelho, a “moça de família” e todas as outras são donas do próprio corpo e detentoras do direito de escolher o que querem fazer com ele e com suas vidas. Quanto aos machistas, agredí-las por essas escolhas não vai fazer deles mais “homens”, pelo contrário, irá deixá-los cada vez mais involuídos.
Comentários do corretor
Atenção à pontuação.
Bom texto! Aborda o tema proposto de forma clara, objetiva, coerente e crítica.
Continue exercitando sua escrita.
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 1.5 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9 |
Saiba como é feito a classificação da notas | ||||
0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |