Mais uma vez o Rio de Janeiro teve a honra – e o ônus – de receber uma conferência das Nações Unidas voltada à discussão das questões ambientais, a Rio + 20.
Duas décadas após a Rio-92, que pretendeu lançar as bases e apontar caminhos para uma mudança efetiva nas relações do ser humano com a Natureza – no sentido mais amplo do termo -, encontraram-se no Rio representantes de 193 nações para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Em paralelo aos encontros oficiais, como há 20 anos, repetiu-se a manifestação veemente da sociedade civil, representada pelos mais diversificados segmentos e setores de atividade.
Qual o balanço destas duas semanas de debates, apresentações, tentativas de consenso em torno da questão sustentabilidade?
Oficialmente, foi redigido um documento final que, apesar do título promissor - “O futuro que queremos" - foi duramente criticado por ambientalistas e por formadores de opinião ligados às causas ambientais e que esperavam medidas de ordem prática para garantir um desenvolvimento sustentável efetivo.
Principal motivo das críticas: a inconsistência das propostas apresentadas no texto definitivo.
Vale a pena resaltar as principais barreiras que separaram a Rio+20 de seu propósito fundamental:
• A ausência de definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros e discriminação de prazos para a adoção de medidas promotoras de desenvolvimento sustentável pelas autoridades competentes em cada país;
• Os negociadores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram várias vezes em rota de colisão, especialmente quando a discussão envolvia a liberação de recursos: o fundo de 30 bilhões de dólares para a preservação ambiental em países em desenvolvimento não foi aprovado. Continua o impasse: quem paga a conta para a implementação de estratégias voltadas ao desenvolvimento sustentável nesses países?
• O PNUMA (Programa das Nações Unidas para meio ambiente) não virou agência como se esperava e, em consequência, o programa continua com poderes restritos e sem estrutura para levar adiante a efetivação de medidas práticas para preservação ambiental.
Certamente estes temas farão parte, novamente, da agenda da próxima conferência.
Para os otimistas, no entanto, os resultados e desdobramentos da Rio+20 não podem ser restringidos ao que se lê no documento oficial do evento.
Os 10 dias de discussão em torno da questão ambiental ratificaram a força da mobilização da sociedade civil quanto ao assunto, concretizada através de inúmeros compromissos voluntários entre empresas e parcerias que somaram mais de US$ 500 bilhões para ações sustentáveis.
Fazendo um paralelo entre o foco da Rio-92 e o que se viu na Rio+20, é inquestionável a ocorrência de um grande avanço: o conceito de desenvolvimento sustentável foi ampliado, deixando de abarcar apenas questões relacionadas ao meio ambiente.
Sustentabilidade, a partir da Rio+20, passa a incluir de forma incisiva e essencial os aspectos sociais, ressaltando a urgência do esforço conjunto para a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da pobreza, colocando o ser humano no centro das preocupações.
Talvez, seja este o maior legado deixado pela conferência do Rio, em 2012.
Apesar das críticas aos resultados efetivos da Rio+20, a relevância do encontro, provavelmente, fará do tema assunto recorrente nos vestibulares deste ano.
As temáticas relacionadas ao meio ambiente já são amplamente exploradas pelas principais provas do país, incluindo o Enem. Este ano, especialmente, essa tendência pode se manifestar com maior intensidade.
Assim, se você pretende se preparar de forma eficiente para responder questões as questões relacionadas ao tema, fique atento aos conteúdos:
1. Ecossistemas
É provável a ocorrência de questões que exijam conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas: ciclagem da matéria, fluxo de energia, estruturação das cadeias e teias alimentares. Dê uma atenção especial aos ciclos biogeoquímicos (ciclo do carbono e o do nitrogênio, especialmente) e às interações ecológicas entre os seres vivos (competição, parasitismo, mutualismo, etc.).
2. Energia
Este é um tema muito forte nos vestibulares, assim como foi na Rio+20. É fundamental que você domine conceitos como “energia limpa” e “economia verde”, por exemplo.
Conhecimento acerca dos combustíveis fósseis e de biocombustíveis (etanol, biodiesel) são essenciais. Reveja com atenção os tópicos relacionados à poluição ambiental e desequilíbrios causados pela ação antrópica (humana) sobre os ecossistemas.
Além disso, é importante você demonstrar compreensão dos processos bioquímicos fundamentais à manutenção da vida no planeta: (fotossíntese, fermentação e respiração celular).
3. Biomas
Este assunto é gerador de muitas questões interdisciplinares com a Geografia. Procure, além de conhecer as características fitogeográficas e a biodiversidade de cada um dos principais biomas brasileiros (ênfase em mata atlântica, caatinga e cerrado), compreender os fatores de risco que ameaçam a manutenção destes ecossistemas (extrativismo predatório, queimadas, desmatamento, etc.). É importante que você apresente, também, conhecimento em relação às medidas de preservação dos ecossistemas, incluindo em suas respostas o viés da questão social como fator inerente à ação de preservação ambiental.
4. Inclusão social/ combate à pobreza/ responsabilidade sócio-ambiental
Esta é uma abordagem bastante possível, pois abrange a competência do “ser cidadão”, trabalhada especialmente pelo ENEM.
Você sabe que a Rio+20 não tratou apenas de questões técnicas diretamente relacionadas ao meio ambiente: o conceito de sustentabilidade foi definitivamente vinculado ao econômico e ao social.
Assim, o combate à fome, a desigualdade da distribuição de recursos e de oportunidades podem gerar questões importantes nas provas. Prepare-se para responder questões testando o seu nível de educação ambiental na vida cotidiana: reciclagem, reaproveitamento de materiais, economia de energia, consumismo- causas e consequências, enfim, qual opção é social e ecologicamente mais responsável dentro de situações de natureza prática.
Por Ângela Dauch - bióloga e coordenadora pedagógica do curso e colégio Oficina do Estudante