Procura-se um presidente!
No dia 18 de agosto, o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, renunciou ao cargo, fato que não se revelou como surpresa, já que sua saída era dada como certa. Três dias antes, o jornal britânico Financial Times publicou um editorial afirmando que era apenas questão de tempo até que Musharraf deixasse a presidência.
Em 1999, o primeiro-ministro, Nawaz Sharif, rodeado por denúncias de corrupção, havia iniciado uma guerra fracassada na região da Caxemira e a economia encontrava-se em franca decadência. Seus assessores intimidaram a imprensa, as ONGs, o Judiciário e ainda tentaram depor o então general do exército, Pervez Musharraf. Mas o Exército, que sempre atuou como protetor do Paquistão e das armas nucleares, não permitiu tal deposição. Musharraf deu um golpe e Sharif foi julgado, preso e exilado na Arábia Saudita.
Nawaz Sharif, ex-premier do Paquistão
Inicialmente, Musharraf enfrentou sérios problemas com a economia, ataques terroristas e certo isolamento do Paquistão em relação à comunidade internacional, uma vez que se especulava sobre a produção paquistanesa de armas nucleares. Depois do 11 de setembro, a situação começou a mudar. O apoio de Musharraf à “guerra contra o terror” garantiu ao Paquistão a posição de aliado dos EUA no Oriente Médio, obtendo com isso uma ajuda de cerca de 11 bilhões de dólares desde os atentados.
Entretanto, esse mesmo apoio aos EUA e suas decisões autoritárias trouxeram problemas ao presidente. Os atos terroristas intensificaram-se, e a visão de que o general não conseguia impedí-los levou os paquistaneses a questionarem se um presidente militar era realmente melhor do que um presidente civil. A partir daí, Musharraf cometeu uma série de erros, entre eles a intervenção militar na mesquista Lal Masjid, onde dezenas de pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas.
Pervez Musharraf: não suportou a pressão do impeachment
No final de setembro do ano passado, o diálogo que já estava ocorrendo há algum tempo entre Musharraf e Benazir Bhutto, ex-primeira ministra do país – que se encontrava em exílio por denúncias de corrupção – trouxe os primeiros frutos: Bhutto pôde voltar ao Paquistão e se candidatar às eleições de janeiro. Seu retorno, em outubro, foi bastante conturbado, tendo sido alvo de ataques terroristas aos quais conseguiu sobreviver e culpou “certos elementos do governo” pela falta de segurança.
Em novembro de 2007, Musharraf viu sua liderança ameaçada. A Suprema Corte iria julgar a constitucionalidade das eleições de outubro, onde fora reeleito. Poucos dias antes do julgamento, Musharraf suspendeu a Constituição, prendeu advogados e juízes, inclusive o próprio presidente da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry, e declarou estado de emergência. Durante o vigor deste estado, diversos protestos foram realizados enquanto Musharraf negociava com Bhutto que, nesse momento, encontrava-se em prisão domiciliar. As negociações deram resultado: no dia 28 de novembro, ele deixou a direção do exército e deu um passo à frente para compartilhar o poder com Bhutto.
Benazir Bhutto, aliada de Musharraf
Todavia ocorreu algo “inesperado”. Durante um comício de campanha, Benazir Bhutto foi morta, fato que levou a diversas especulações e a teorias da conspiração, inclusive à hipótese de que o próprio presidente Musharraf havia mandando assassinar a ex-primeira-ministra. De acordo com a versão do governo, a responsabilidade caberia à Al-Qaeda. A agência de notícias italiana Adnkronos International afirmou que o comandante da organização terrorista, Mustafa Abu Al-Yazid, admitiu em um telefonema, a autoria dos ataques.
Mesmo com a morte de Bhutto, o partido PPP (Partido Popular do Paquistão) conquistou 87 cadeiras e formou uma coalizão com Nawaz Sharif, ex-premier que retornara do exílio à Arábia Saudita após sofrer o golpe em 1999. Com essa união, os dias de Musharraf no poder estavam contados. Em agosto desse ano, os partidos políticos se uniram e iniciaram um processo de impeachment contra o presidente por remover juízes ilegalmente, falhar na segurança de Bhutto e por tentar desestabilizar o governo eleito. Antecipando maiores problemas, Musharraf renunciou.
Imagens do atentado de 27/12/07, que matou a ex-primeira-ministra Bhutto
O Paquistão, detentor de armas nucleares, está mais uma vez enfrentando uma situação difícil: com inflação alta e problemas econômicos, a instabilidade política serve apenas para impedir a recuperação sócio-política-econômica do país. Os problemas entre o PPP e o Exército parecem caminhar em direção a uma solução, contudo o Paquistão encontra-se à procura de um presidente.
Conheça o perfil de Fernanda Badolati
Em 1999, o primeiro-ministro, Nawaz Sharif, rodeado por denúncias de corrupção, havia iniciado uma guerra fracassada na região da Caxemira e a economia encontrava-se em franca decadência. Seus assessores intimidaram a imprensa, as ONGs, o Judiciário e ainda tentaram depor o então general do exército, Pervez Musharraf. Mas o Exército, que sempre atuou como protetor do Paquistão e das armas nucleares, não permitiu tal deposição. Musharraf deu um golpe e Sharif foi julgado, preso e exilado na Arábia Saudita.
Nawaz Sharif, ex-premier do Paquistão
Inicialmente, Musharraf enfrentou sérios problemas com a economia, ataques terroristas e certo isolamento do Paquistão em relação à comunidade internacional, uma vez que se especulava sobre a produção paquistanesa de armas nucleares. Depois do 11 de setembro, a situação começou a mudar. O apoio de Musharraf à “guerra contra o terror” garantiu ao Paquistão a posição de aliado dos EUA no Oriente Médio, obtendo com isso uma ajuda de cerca de 11 bilhões de dólares desde os atentados.
Entretanto, esse mesmo apoio aos EUA e suas decisões autoritárias trouxeram problemas ao presidente. Os atos terroristas intensificaram-se, e a visão de que o general não conseguia impedí-los levou os paquistaneses a questionarem se um presidente militar era realmente melhor do que um presidente civil. A partir daí, Musharraf cometeu uma série de erros, entre eles a intervenção militar na mesquista Lal Masjid, onde dezenas de pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas.
Pervez Musharraf: não suportou a pressão do impeachment
No final de setembro do ano passado, o diálogo que já estava ocorrendo há algum tempo entre Musharraf e Benazir Bhutto, ex-primeira ministra do país – que se encontrava em exílio por denúncias de corrupção – trouxe os primeiros frutos: Bhutto pôde voltar ao Paquistão e se candidatar às eleições de janeiro. Seu retorno, em outubro, foi bastante conturbado, tendo sido alvo de ataques terroristas aos quais conseguiu sobreviver e culpou “certos elementos do governo” pela falta de segurança.
Em novembro de 2007, Musharraf viu sua liderança ameaçada. A Suprema Corte iria julgar a constitucionalidade das eleições de outubro, onde fora reeleito. Poucos dias antes do julgamento, Musharraf suspendeu a Constituição, prendeu advogados e juízes, inclusive o próprio presidente da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry, e declarou estado de emergência. Durante o vigor deste estado, diversos protestos foram realizados enquanto Musharraf negociava com Bhutto que, nesse momento, encontrava-se em prisão domiciliar. As negociações deram resultado: no dia 28 de novembro, ele deixou a direção do exército e deu um passo à frente para compartilhar o poder com Bhutto.
Benazir Bhutto, aliada de Musharraf
Todavia ocorreu algo “inesperado”. Durante um comício de campanha, Benazir Bhutto foi morta, fato que levou a diversas especulações e a teorias da conspiração, inclusive à hipótese de que o próprio presidente Musharraf havia mandando assassinar a ex-primeira-ministra. De acordo com a versão do governo, a responsabilidade caberia à Al-Qaeda. A agência de notícias italiana Adnkronos International afirmou que o comandante da organização terrorista, Mustafa Abu Al-Yazid, admitiu em um telefonema, a autoria dos ataques.
Mesmo com a morte de Bhutto, o partido PPP (Partido Popular do Paquistão) conquistou 87 cadeiras e formou uma coalizão com Nawaz Sharif, ex-premier que retornara do exílio à Arábia Saudita após sofrer o golpe em 1999. Com essa união, os dias de Musharraf no poder estavam contados. Em agosto desse ano, os partidos políticos se uniram e iniciaram um processo de impeachment contra o presidente por remover juízes ilegalmente, falhar na segurança de Bhutto e por tentar desestabilizar o governo eleito. Antecipando maiores problemas, Musharraf renunciou.
Imagens do atentado de 27/12/07, que matou a ex-primeira-ministra Bhutto
O Paquistão, detentor de armas nucleares, está mais uma vez enfrentando uma situação difícil: com inflação alta e problemas econômicos, a instabilidade política serve apenas para impedir a recuperação sócio-política-econômica do país. Os problemas entre o PPP e o Exército parecem caminhar em direção a uma solução, contudo o Paquistão encontra-se à procura de um presidente.
Conheça o perfil de Fernanda Badolati