O equivocado mundo dos shoppings centers

O mundo idealizado está lá dentro. A globalização se responsabilizou em aproximar todos os países com suas respectivas culturas e economias a fim de construir o shopping center. Um espaço ideal para se materializar o objetivo de reunir num só terreno o mundo inteiro, de forma que o consumismo impere neste lugar minuciosamente elaborado. Entretanto, o mundo real, tal como ele é, com todas as suas adversidades e controvérsias, é absolutamente ignorado pelos shoppings centers.

As cores da estação não estão apenas estampadas nas roupas usadas pelas modelos ou atrizes. Estas mesmas cores enfeitam os outdoors, as entradas das lojas, as propagandas, os barzinhos e até os restaurantes. Todas essas cores tentam representar um estado contínuo de festa e alegria (além de um consumismo desenfreado consciente ou não). O mundo exterior já não importa mais. Afinal, quando se está num shopping center, os problemas são esquecidos. O importante é fazer compras, consumir, desejar, se alienar, pois agindo dessa maneira, muitas pessoas vão deixar de lado os problemas cotidianos. Quanta ilusão!

O sociólogo Ciro Marcondes Filho, em seu livro Quem Manipula Quem? Afirma que: “A ideologia positivista, que é o suporte dos arquitetos desses ‘enclaves de prosperidade’, então, recria com fins mercadológicos e de maximização dos lucros o universo todo repleto desses signos que materializam o mundo dos sonhos que povoa o imaginário destas nossas sofridas massas populares”. Isso significa que o principal objetivo dos shoppings centers está centrado na questão do consumismo, do lucro e do fetiche, o qual se trata da relação que se estabelece com os bens de consumo, mesmo quando estes são de fato supérfluos.

Tão bom seria se da mesma que foi possível a construção de um espaço como o shopping Center fosse também elaborado um lugar dedicado para a livre expressão da verdadeira cultura nacional, bem como para debates públicos com a finalidade de adquirir conhecimento, experiências e aprendizado. Mas acima de tudo, uma forma de se construir uma consciência critica da população a respeito do consumo desnecessário. Assim, o mundo imaginário e equivocado dos shoppings centers teria quiçá um novo propósito que não seja somente a ilusão.