Crise no sistema financeiro

Nos últimos dias, as manchetes dos jornais têm sido dominadas pela crise financeira mundial. A cada dia as bolsas batem recordes de queda. Segunda-feira, 29 de setembro, a bolsa norte-americana perdeu 1.2 trilhões de dólares, depois que o Congresso rejeitou o plano do presidente George W. Bush e do secretário do Tesouro Hank Paulson – no valor de US$ 700 bilhões – que pretendia estabilizar os mercados comprando ativos hipotecários.

Ninguém entende ao certo o que está acontecendo no mercado financeiro e suas conseqüências. Há algum tempo, o mercado vem passando por turbulências que muitos chamaram de ajustes à era do crédito fácil. No dia 22 de fevereiro de 2008, o banco inglês Northern Rock foi a primeira grande vítima da crise econômica tendo sido nacionalizado pelo governo britânico.

Os baixos juros e o crédito fácil foram responsáveis, em parte, pela bolha imobiliária norte-americana e os recentes aumentos nos juros impostos pelo Fed (Banco Central norte-americano) diante da ameaça da inflação, causaram problemas a uma parcela da população. Muitas seguradoras e bancos, sem exigir garantias suficientes ou sequer comprovação de renda, concederam financiamentos para compra de imóveis. Com o aumento dos juros, alguns devedores não conseguiram quitar os empréstimos o que resultou em prejuízo às instituições financeiras e à economia.

O fato de ninguém saber ao certo qual banco possui liquidez o suficiente para sobreviver à crise provoca a diminuição dos empréstimos entre os próprios bancos, sem contar que estes se tornaram ainda mais raros por conta do aumento dos juros.

Um problema causado pela turbulência financeira é que quando um banco é tomado por rumores de falência, os depositantes retiram boa parte de seu dinheiro. Desse modo, por exemplo, um banco até então reconhecido como “seguro”, torna-se ameaçado pela redução do seu volume de dinheiro sem diminuir os empréstimos por ele feitos; logo, os bancos passam a ter ou a mesma quantidade de dívidas e de dinheiro disponível, ou uma maior quantia de dívidas.

Diversos bancos e seguradoras foram resgatados por seus respectivos governos, ou foram vendidos a outros bancos, ou ainda receberam dinheiro do governo sem, no entanto terem sido nacionalizados: Northern Rock, AIG, Fannie Mae, Freddie Mac, Wachovia e Fortis.

A questão que ecoa atualmente é: por que os governos, mais especificamente os contribuintes, deveriam pagar pelos erros dos bancos e dos mercados em um sistema capitalista que defende a não-intervenção? O grande problema é que não intervir traria riscos ainda maiores a empresas e pessoas, pois se os bancos forem à falência a economia não sairá imune, e o mercado financeiro já deu sinais disso nessas últimas semanas...

Veja o perfil de Fernanda Badolati

Entenda a crise dos Estados Unidos