Ranking do Enem: como uma mesma instituição pode ocupar duas posições diferentes?

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Os colégios reúnem seus melhores alunos e criam uma nova turma que garante os primeiros lugares no ranking

Uma pequena parcela de alunos é escolhida para representar a instituição e obter uma média maior

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) há algum tempo deixou de ser apenas um termômetro do ensino médio. Hoje, além de viabilizar o ingresso de alunos no ensino superior por meio de programas do Governo Federal como o Programa Universidade para todos (ProUni), Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior (Fies) e o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o Enem passou a ser usado também como estratégia de marketing.

Para garantir uma boa média no teste, escolas e pais estão dispostos a quase tudo: os pais, visando o futuro de suas proles, pagam mensalidades absurdas em colégios que se intitulam ser os melhores; enquanto esses mesmos colégios se articulam para estar sempre nos primeiros lugares do Ranking do Enem por Escola.

O ranqueamento, apesar de já ter se tornado tradicional, não é feito pelo Ministério da Educação (MEC), mas sim pelos veículos de comunicação. O MEC somente divulga as notas junto a outras informações como quantidade de alunos participantes, indicador socioeconômico e sua localização.

Mas como burlar o ranking? Na verdade, não há nenhuma prática integralmente ilícita, somente uma manobra jurídica. No caso, a escola reúne os seus melhores alunos, aqueles que obtêm as melhores médias em simulados, oferecem bolsas de desconto para bons alunos de outras escolas e criam, com esses estudantes, uma turma específica, com um novo CNPJ, mas que funciona no mesmo local e que possui os mesmos docentes. 

Esse expediente foi usado pelo colégio que figurou em primeiro lugar no ranking feito pela imprensa. A turma “especial”, com 44 alunos, ficou na primeira posição, enquanto a escola apareceu em 670º lugar com os demais 209 alunos que participaram do Enem. As duas instituições ocupam o mesmo espaço físico na Av. Paulista, em São Paulo. Mesmo não sendo a mesma instituição na hora de passar pelo ranking, o marketing de todo o grupo é o mesmo: mais uma vez o colégio “tal” é o 1º lugar do Brasil. E isso não acontece somente em São Paulo, infelizmente é uma prática considerada normal entre os institutos particulares do país. 

Como não há nenhuma lei que impeça esse método os pais precisam ficar atentos na hora de matricular os filhos e não pagar por uma coisa que na verdade é montada e articulada para ser tida como a melhor. Ainda mais que, o aluno normalmente matriculado raramente participará da turma que o colégio escolhe para concorrer ao melhor lugar entre as escolas.