ProUni: aumento de mulheres negras nos cursos mais procurados do programa

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Dados constam em pesquisa sobre gênero e raça das matrículas do ProUni entre 2006 e 2020

Aumento de estudantes negras em universidades é motivo para comemorar

Pesquisa divulgada na última segunda-feira, 24 de julho, mostra que houve aumento de mais de 100% de estudantes negras que ingressaram nos cursos mais procurados no ProUni, como, por exemplo, Medicina.

O levantamento, feito pela Gênero e Número e Agência Pública, analisa dados sobre gênero e raça das matrículas do ProUni entre 2006 e 2020. As informações foram repassadas pelo Ministério da Educação (MEC), que organiza o programa.

O Programa Universidade para Todos (ProUni) oferece bolsas de estudo integrais e parciais em universidades públicas de todo o Brasil. Podem se inscrever participantes do Enem e que comprovem ter baixa renda.

Tradicionalmente, o curso de Medicina é o mais disputado do ProUni. Direito e Pedagogia são outras carreiras com muitos inscritos no programa do MEC.

Conforme a pesquisa, a quantidade de candidatas negras aprovadas nos cursos mais procurados do ProUni teve aumento de 108%, comparando o período de 2006 a 2020.

Em números, significa que, em 2006, do total de bolsistas, 15.340 eram estudantes negras, o que representava 28% do total de aprovados para os cursos mais procurados.

Por outro lado, em 2020, havia  31.868 alunas negras, o que indica 38% dos convocados para as carreiras mais procuradas. 

Mais mulheres do Norte e Nordeste

A pesquisa do Gênero e Número e Agência Pública mostra mais dados acerca das mulheres negras que cursam universidades pelo ProUni. De acordo com o estudo, houve um crescimento de 233% no acesso a bolsas por mulheres negras do Norte e de 216% no Nordeste.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Norte e o Nordeste são as regiões nas quais há a maior população autodeclarada negra do Brasil.

Números para comemorar

Os números divulgados pela pesquisa são motivos para comemorar o aumento não só de mulheres aprovadas, mas especialmente de mulheres negras, nortistas e nordestinas, no programa do MEC.

Essas estatísticas comprovam que o objetivo do ProUni, que é conceder bolsas de estudo em universidades "para todos", está no caminho certo. Mas, vale lembrar que as candidatas participaram do programa por meio da Política de Ações Afirmativas (cotas). 

As cotas do ProUni são reservadas a pessoas com deficiência e aos candidatos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos. Mas, além disso, os candidatos precisam comprovar que têm baixa renda.

O aumento de estudantes negras no ProUni e, especialmente, em cursos mais procurados ajuda a ampliar a diversidade e a aumentar a inclusão social nas universidades.

Outro ponto a comemorar é que as alunas negras terão mais possibilidade de um futuro próspero em termos sociais e econômicos.

Por fim, fazendo ainda um paralelo com argumentos a favor da Lei de Cotas, que abrange universidades públicas, as estudantes terão oportunidade de reparação histórica por terem sido um grupo excluído socialmente no passado.