Centenário da Revolução Russa (1917)
O centenário da Revolução Russa é importante para se revisar e repensar esse que foi um dos eventos mais significativos da história contemporânea.
Que importância tem o centenário da Revolução Russa?
Em 2017, a Revolução Russa completa cem anos. A revolução que ocorreu em duas fases do ano de 1917 foi um dos principais acontecimentos da história mundial. Isso porque foi a primeira tentativa de se instaurar o sistema comunista em um país após décadas de discussões teóricas derivadas do pensamento marxista e de levantes de menor porte, como a Comuna de Paris, ocorrida em 1871.
Para além de quaisquer apologias ou objeções ideológicas a esse acontecimento, revisitar e estudar a fundo a Revolução Russa é importante por vários motivos. Um deles, e o principal, é o fato de que foi a partir dos desdobramentos dessa revolução que, em toda a segunda metade do século XX, o mundo viu-se dividido em dois sistemas político-ideológicos – um dos traços definidores da chamada Guerra Fria. Além disso, os vestibulares e o Enem certamente explorarão alguns pontos dessa temática.
Como ocorreu a Revolução Russa?
A Revolução Russa de 1917 teve um “ensaio” iniciado em São Petersburgo – antiga capital da Rússia – no ano de 1905. A Rússia ainda estava sob o regime czarista, com Nicolau II à frente do poder procurando inserir-se na estrutura da economia industrial. Nas cidades, os primeiros industriais (donos de fábricas) lidavam de forma autoritária e, não raro, brutal com os operários. Em 9 de janeiro de 1905, uma massa de trabalhadores marchou em direção ao Palácio de Inverno do czar com o objetivo de entregar-lhe uma lista de reivindicações para a melhoria das condições de trabalho nas fábricas. A reação da guarda do palácio foi violenta. Milhares de pessoas foram alvejadas com tiros; centenas morreram. O fato ficou conhecido como Domingo Sangrento.
Desse fato irrompeu a primeira tentativa de revolução. Operários, camponeses e militantes políticos que estavam na clandestinidade, como os próprios bolcheviques, procuraram articular-se em conjunto com vistas a pressionar o czar e a aristocracia russa. A pressão, contudo, não redundou na efetiva revolução, mas em uma relativa abertura política promovida pelo czar, que abriu o espaço da Duma (Assembleia).
O fator revolucionário propriamente dito começou em fevereiro de 1917. O Império Russo, como é sabido, entrou na Primeira Guerra contra o Império Alemão e os aliados deste. Entretanto, o exército russo estava obsoleto, sem equipamentos ou mesmo mantimentos adequados, de modo que milhares de soldados desertaram em massa, forçando a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial.
A massa de soldados desertores passou a se juntar aos trabalhadores e aos partidos revolucionários insatisfeitos com a política czarista. Em fevereiro, tendo como estopim greves gerais promovidas por mulheres operárias, aconteceu o primeiro estágio da Revolução, quando as forças moderadas (democratas) e as forças radicais revolucionárias conseguiram fazer com que Nicolau II abdicasse do trono.
A partir de então, foi formado um Governo Provisório, que se caracterizou pelo “Duplo Poder”: a Duma, com representação parlamentar mais hierarquizada, e os sovietes, conselhos populares revolucionários. Entre os líderes que organizavam as massas dos sovietes, estavam os bolcheviques, partidários da revolução radical com base na tradição marxista. Entre os principais líderes bolcheviques, podemos citar: Lenin, Trostky, Kalinin e Stalin. Com o lema de “todo o poder aos sovietes”, os bolcheviques “completaram” o processo revolucionário, sobrepondo-se, em outubro de 1917, aos outros partidos políticos do governo provisório, com representação na Duma.
Guerra Civil Russa
A ascensão dos bolcheviques e a execução dos planos de um partido único, centralizado, e da ditadura do operariado provocaram a Guerra Civil Russa, que durou de 1918 a 1921. Nessa guerra, o Exército Vermelho (comandado pelos bolcheviques) enfrentou os Exércitos Branco, Verde e Negro, formados por opositores – desde conservadores representados pela Duma até anarquistas ucranianos, como Nestor Makhno.