Comentário:
A produção do Texto 2 exigia do aluno a leitura de uma entrevista (gênero já proposto pelo simulado da Unicamp) como texto-fonte para a produção de um discurso de apresentação de um evento em uma escola. Considerando que discursos de apresentação são geralmente orais, caberia ao aluno escrever um texto que, supostamente, deveria ser lido na ocasião e que apresentasse as características específicas de seu contexto produção: marcas de oralidade, mas de um contexto formal.
O candidato deveria se posicionar como um líder do grêmio estudantil da escola que, após reclamações dos alunos sobre o ensino de ciências, resolveu convidar para uma palestra Tatiana Nahas, bióloga, professora do ensino médio, “tuiteira” e “blogueira”, a partir de uma entrevista que ela concedera à revista “Ciência Hoje” sobre o ensino de ciências. Caberia ao candidato preparar esse discurso destacando, obrigatoriamente, três problemas relacionados ao ensino de ciências em sua escola, mostrando como a convidada poderia contribuir para que encontrassem possíveis soluções. Como todo discurso de apresentação, o candidato deveria apresentar de forma breve e profissional e, logo após, justificar a sua escolha como palestrante. Para tanto, bastaria referir-se à entrevista publicada na revista e às idéias nela contidas.
O texto-fonte, de fácil leitura, apresentava já uma breve biografia de Tatiana Nahas que poderia ser aproveitada na produção do discurso de apresentação. Esse aproveitamento não pressupõe uma cópia, mas uma adequação da apresentação dos dados à situação oral formal exigida.
Como a presença da palestrante deveria estar atrelada às soluções dos problemas relacionados ao ensino de ciências na escola, o candidato deveria fazer uma leitura atenta das respostas de Tatiana Nahas para identificar, primeiramente, três possibilidades de problemas propostas por ela e as respectivas soluções também por ela apresentadas. Sendo assim, podemos observar, com uma leitura simples, dois problemas explicitamente colocados pela bióloga em sua última resposta: o “completo esquecimento da história da ciência na sala de aula” que fazia com que os alunos tivessem uma ilusão de que as teorias surgissem espontaneamente e sem dificuldade nas mentes os cientistas, e a impossibilidade de se ensinar ciências sem o exercício do método científico com todos os seus percalços e controvérsias. Outro problema que poderia ser destacado é o ensino do “conteúdo puro e simples” sem ensinar “as habilidades de relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc”.
O candidato poderia transformar esses três problemas nos três problemas de sua escola e elencar três possíveis soluções, também advindas da entrevista: ensinar história das ciências e vincular as práticas de ensino com práticas de pesquisa; destacar como uma de suas experiências em sala de aula, com a prática de utilização do microscópio com a utilização do recurso virtual da internet para complementar e aprofundar conclusões sobre o tema estudado; e mostrar como nessas práticas de ensino e pesquisa práticas o aluno, através de sucessos e frustrações, chegaria ao conhecimento.
Para esta produção, o candidato não deveria se esquecer de obedecer a todas as instruções (apresentar 3 problemas e justificar a presença da palestrante e suas possíveis contribuições para a solução do problema), elaborar uma interlocução bem definida, onde ficasse explícito que o orador era um aluno, líder do grêmio, que falava a um público de alunos e professores, também explicitamente marcados no texto. Como característica do gênero, o aluno deveria fazer uma breve apresentação da palestrante, bem como destacar os objetivos da palestra, através de um discurso oral formal.
Este texto exigia do aluno uma leitura atenta e moderadas dificuldades na produção do texto, principalmente no que se refere ao registro lingüístico que deveria ser utilizado. Ademais, pelo candidato já possivelmente ter ouvido uma apresentação de palestrante, poderia haver certa familiaridade com o gênero proposto.