Nardoni e Fritzl: Onde foram parar os valores da família?

Em 03/05/2008 10h29 , atualizado em 03/05/2008 10h30 Por Camila Mitye

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Durante o mês de abril não houve um dia em que a mídia (especialmente a televisiva) não falasse do caso da morte brutal da menina Isabella Nardoni, de 05 anos. Isabella foi assassinada no dia 29 de março, mas, um mês depois, a polícia ainda não havia decretado os culpados pelo crime.

Mais do que apreciar o sensacionalismo gerado pelo caso, que já foi chamado até de “espetáculo”, a população pede por um culpado (ou dois). Os brasileiros não aceitam o fato de tantas evidências encurralarem o pai e a madastra da menina como autores do assassinato e, ainda assim, eles se mostrarem frios e declarando-se inocentes.

O que a população mais se pergunta é: como um pai pode fazer isso com a própria filha?

A mesma pergunta serve para um outro caso impressionante descoberto no final de abril. Na cidade de Amstett, Áustria, uma jovem de 19 anos é internada em um hospital, com uma grave infecção. A partir de então, a polícia descobre uma terrível realidade: a jovem é filha de uma relação incestuosa entre o avô e a mãe, e vivia com esta e mais dois irmãos em um porão na casa dos avós desde que nasceu.

A deflagração do caso trouxe consigo a história da maior vítima da sitação: Elizabeth Fritzl, hoje com 42 anos, foi aprisionada pelo pai, Josef Fritzl, 73 anos, há 24 anos atrás. O pai violentava a filha constantemente, e ela acabou gerando 07 filhos durante esse tempo. Um deles morreu ainda bebê e teve o corpo incinerado pelo pai-avô. Três das crianças mais velhas foram criadas juntamente à Elizabeth no porão e outras três cresceram com os avós no andar de cima, como se houvessem sido abandonados pela mãe fugitiva (segundo a versão de Josef).

Josef escondeu da mulher Rosemarie a verdade sobre a filha e os netos durante mais de duas décadas. Elizabeth e cinco de seus filhos (os três “de baixo” e dois “de cima” que até então nunca haviam se conhecido) estão internados em uma clínica de Amstett, assim como a filha mais velha dela, Kerstin, que continua internada tratando da infecção adquirida no cativeiro de 60 m².

A cada dia aparecem mais casos de pais e mães praticando violência contra os próprios filhos. Especialmente no Brasil, há uma crise desses casos, em um ano em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 18 anos. A maturidade do ECA mostra como as leis que protegem as crianças estão defasadas no Brasil e como há a necessidade de combater os crimes praticados dentro dos lares, praticados por mães, pais e avós.

E aí?

O que você acha disso? Os valores da sociedade atual estão deturpados? A família não exerce mais função de protetora ou abrigo contra os males da violência? Dê sua opinião sobre os casos relatados acima!

Mais destaques do mês de abril:

01 a 05 de abril:
- A responsabilidade da imprensa no caso da menina Isabella. Como a mídia desconstrói o caso, interfere na investigação policial e pinta a imagem dos acusados antes mesmo da acusação judicial. Qual o verdadeiro papel da imprensa nisso tudo?

- A China que a China não mostra. Como é na realidade o país sede dos Jogos Olímpicos de 2008. A liberdade e a censura na China. Um texto mostra como a liberdade é uma questão delicada na China.

06 a 12 de abril:
- Manifestações no Brasil e no mundo. Alunos da UnB ocupam a Reitoria da universidade pedindo a renúncia de Timothy Mulholland do cargo de Reitor. No mundo, por onde passa a tocha olímpica representando as Olimpíadas da China, manifestantes pró-Tibete pedem a liberdade do país, sob o domínio chinês.

20 a 26 de abril:
- A polêmica da Usina de Itaipu. O novo presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, tinha como carro chefe de sua campanha o reajuste da tarifa paga pelo Brasil da energia produzida por Itaipu em terras paraguaias. A questão pode gerar uma crise diplomática entre Brasil e Paraguai.