Intérprete de LIBRAS

Saiba mais sobre a vida profissional na área da LIBRAS lendo nossa entrevista com Jéssica
Por Tiago Vechi

Muher interprete de LIBRAS em referência a vida profissional na área
LIBRAS abre muitas oportunidades de mercado
Crédito da Imagem: Shutterstock
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LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, é sobre comunicação, inclusão e humanidade. A beleza e a diversidade da criatividade humana na área da comunicação são convites para os jovens que sonham em tornar-se intérprete de LIBRAS.

Para trabalhar neste setor é preciso perceber as nuances e as necessidades de uma parcela considerável da população brasileira. A fim de compreender melhor a vida profissional neste setor, conversamos com Jéssica Cardoso, mãe de duas crianças, graduada em LIBRAS, fundadora e CEO da InterPrêta.

Jéssica Cardoso. Créditos: Acervo Pessoal

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Escolha de se tornar Intérprete de LIBRAS

Começamos procurando entender como a foi a escolha de Jéssica por começar a trabalhar com LIBRAS. Ela nos conta que sua primeira formação foi em Serviço Social, o que a levou a atuar como assistente social. 

Jéssica atendia famílias de baixa renda e, em um desses atendimentos, ela se deparou com uma criança surda não diagnosticada. Além de não terem conhecimento da condição da criança, a família ainda foi informada que a deficiência em questão era intelectual e que ela jamais seria capaz de falar.

Entretanto, Jéssica havia estudado LIBRAS, ainda na sua graduação de Serviço Social, e desconfiou que a criança era, na verdade, surda. Ela tomou as iniciativas necessárias e a criança recebeu o diagnóstico correto.

Ainda atuando como assistente social, ela percebeu a necessidade de fazer LIBRAS para atender pessoas com deficiência e realizou uma graduação na área.  

Rotina de uma Intérprete de LIBRAS

Jéssica fornece um rápido panorama da sua experiência profissional e nos explica que suas primeiras atuações na área foram no setor escolar e, posteriormente, começou a atuar em eventos. Hoje em dia, com sua empresa estabelecida, ela trabalha promovendo acessibilidade dentro de outros empreendimentos.

Ela explica mais:

"Com a minha empresa de tradução e interpretação em LIBRAS, a InterPrêta, a gente trabalha mais em eventos corporativos. Também trabalhamos dentro das empresas promovendo acessibilidade e trazendo conhecimento para os espaços (por exemplo) de que forma ele podem isso, como se tornar mais acessível, como incluir pessoas com surdez dentro do quadro de funcionários, como que a pessoa surda faz para chegar até o local e a gente torna os processos seletivos acessíveis. São vários espaços que atuamos."

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 A Intérprete também nos conta a razão de ter montado sua empresa. Jéssica disse:

"A partir da minha maternidade e também por ser, né, uma mulher preta que vive numa região, na região sul, aonde o atravessamento do racismo é muito mais forte e latente eu tinha poucas oportunidades de trabalho, e recebia muito menos do que os outros profissionais.

Comecei a reavaliar isso e com o nascimento da minha segunda filha, em 2021, eu começo a pensar uma estratégia que pudesse mudar, não somente a minha realidade de trabalho, mas também de outras mulheres pretas. Então eu começo a desenhar a InterPrêta e em outubro de 2021 ela oficialmente nasce"

Características de uma boa Intérprete de LIBRAS

No começo de sua resposta, Jéssica já diz que é preciso gostar de estudar. Pois, é possível encontrar com vários temas, no dia a dia da LIBRAS.

Além dos diversos temas necessários conhecer, há também variações linguísticas e sotaques dentro da LIBRAS. Por isso, o estudo e o contato com a comunidade surda é essencial.

"Não pode faltar essa vontade de querer estudar e estar aberto para compreender essas diferenças que há e estar apto para saber e adaptar isso para sua realidade, são pontos principais da atuação."

Dicas para quem quer se tornar Intérprete de LIBRAS

Jéssica explica que é um mercado em expansão e que a tendência do setor é de crescimento. Ela também fala sobre alguns questionamentos que recebe sobre o receio da Inteligência Artificial "pegar" o lugar dos intérpretes, Jéssica afirma que a tecnologia vem para colaborar com o trabalho, mas que não substituirá o humano nesta função, afinal, a própria comunidade surda é feita de pessoas.

Ela encerra com a seguinte declaração:

"A minha dica é: olhem para a área de acessibilidade comunicacional, estejam atentos as possibilidades e oportunidades, porque é um mercado muito amplo. Você pode trabalhar na educação, na tecnologia, na saúde..." 

 

Por Tiago Vechi

Jornalista