O mito da Independência do Brasil

Por Adrielle Lopes de Souza

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Os livros didáticos relatam a história da independência do Brasil de forma tão mítica, encomendada, quase que recriada para enaltecer este momento histórico “sublime” do nosso país, raramente questionado ou criticado pela sociedade. Infelizmente, o sete de setembro de 1822 foi muito menos significativo do que é celebrado atualmente.

É bastante cômodo associar a independência do Brasil ao famoso quadro de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga”, o qual personifica o ato histórico na pessoa de Dom Pedro I, quando, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, ele dita o célebre brado: “Independência ou morte”. Entretanto, o Brasil realmente tornou-se livre a partir de então?

Na realidade, a independência do Brasil restringiu-se apenas à questão política. Ou seja, não modificou em absolutamente nada o momento sócio-econômico da época, permanecendo com as mesmas características do período colonial. Um detalhe de suma importância, freqüentemente esquecido, é o fato de que a maior parte da população brasileira estava apática aos acontecimentos. Por isso, é tão difícil encontrar a participação do povo brasileiro nos livros de história, referente aos acontecimentos da independência.

É desolador perceber que a independência do Brasil não caracterizou nenhuma ruptura com o processo colonial. As bases sócio-econômicas como o trabalho escravo, a monocultura, o latifúndio, os quais representavam a preservação dos privilégios aristocráticos, continuaram inalteradas. Para os escravos, por exemplo, a independência não significou nada. A vida nas lavouras continuou inalterada durante aproximadamente mais de 60 anos.

A independência do Brasil, tão festejada e comemorada em todo sete de setembro, na verdade não teve nenhum significado social. A impressão que se tem é de que a história dos livros didáticos é meramente mítica. Quanto a nós, brasileiros patriotas, precisamos sempre questionar os acontecimentos da nossa história. Afinal, por trás de um bom enredo histórico, há sempre uma realidade opressora.


"O grito do Ipiranga", de Pedro Américo

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