Prova do Enem 2023: como será corrigida?

A correção da prova do Enem acontece de uma maneira muito particular, descubra como funciona
Em 16/11/2023 00h01 , atualizado em 16/11/2023 12h32 Por Tiago Vechi

Mulher analisa papéis abaixo do texto - Como é corrigida a prova do Enem
As notas limites não são 0 e 1.000
Crédito da Imagem: Shutterstock
Imprimir
Texto:
A+
A-
PUBLICIDADE

A nota do Enem é calculada a partir da Teoria de Resposta ao Item (TRI), um método que mede a nota de acordo com 3 variáveis - Dificuldade da questão, probabilidade de acerto e capacidade de diferenciação. É uma estratégia complexa, porém eficiente, que vale a pena ser compreendida.

Vamos olhar ponto a ponto para entender melhor como a sua nota do Enem vai ser calculada. Primeiro, vamos trabalhar um exemplo e explicar o que são essas variáveis.

Calculando a nota do Enem

A nota do Enem de duas pessoas que acertaram o mesmo tanto de questões pode ser diferente uma da outra, mas porque isso acontece? Algumas questões valem mais que outras?

A resposta é um pouco mais complicada que isso, mas não se preocupe, até o fim da explicação você vai entender. Vamos começar com um exemplo hipotético, imagine que você quer elaborar um teste que seja capaz de descobrir se uma pessoa é brasileira.

Você prepara 5 questões sobre o Brasil, por exemplo:

  1. Quem foi Pelé?

  2. Quais as cores da bandeira do Brasil?

  3. Em que continente o Brasil fica?

  4. Quando a independência do Brasil foi declarada?

  5. Quais as comidas típicas da festa junina?

As três primeiras perguntas podem ser consideradas mais fáceis, afinal não é preciso ser brasileiro para saber essas respostas. Agora, a quarta e a quinta exigem um pouco mais de conhecimento sobre o país para responder de forma correta, ou seja, cada pergunta possui um nível de dificuldade diferente.

Se uma pessoa erra as cores da bandeira e não sabe o continente que o Brasil fica, mas acerta a data da independência ou as comidas típicas da festa junina, isso não quer dizer que ela é brasileira. Mesmo que tenha acertado as questões mais difíceis.

A mesma lógica pode ser aplicada na nota do Enem, se uma pessoa erra questões com baixo grau de dificuldade, mas acerta questões difíceis, provavelmente a sua nota será menor que a pessoa que acertou todas as fáceis, mas errou as difíceis. Dessa forma, a nota do Enem do candidato em determinada matéria é medida mais pela constância no decorrer da prova do que pela quantidade de acertos em si.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Dificuldade das questões 

O TRI é aplicado desde o ano de 2009, quando o Enem começou a ser o principal meio de ingresso nas instituições federais, desde então o Banco Nacional de Itens (BNI) vem sendo constituído, nele são armazenadas questões que podem ou não cair no Enem. A dificuldade dessas questões é calculada em pré-testes aplicados pelo INEP de forma sigilosa.

As questões são aplicadas em alunos de perfil próximo ao público alvo do Enem e a sua dificuldade é medida consoante os resultados deste teste. Assim o INEP consegue classificar as questões conforme o grau de dificuldade antes da aplicação.  

Possibilidade de acerto

Essa variável é uma relação entre o nível de proficiência do candidato e o grau de dificuldade da questão. À medida que o candidato erra ou acerta questões fáceis e medianas, a sua probabilidade de acertar questões difíceis aumenta ou diminui.

Por isso, o famoso “chute” tem uma eficiência menor na nota do Enem do que em outros exames. 

Poder de diferenciação

O poder de diferenciação é a capacidade que uma questão tem de determinar se um candidato domina ou não aquele assunto. Por exemplo, se no teste de brasilidade, citado agora há pouco, todos os brasileiros acertaram a data da independência e todos os estrangeiros erraram, o poder de diferenciação dessa pergunta é alto.

Mas, se na pergunta sobre as comidas da festa junina, houve brasileiros que erraram e estrangeiros que acertaram, o poder de diferenciação desta pergunta não é tão alto.

Parâmetros da correção da prova do Enem

A nota do Enem (nas provas objetivas) não é calculada dentro do intervalo de 0 a 1.000, os parâmetros de máximo e mínimo estabelecidos também funcionam consoante o desempenho dos demais inscritos. Dessa forma, é possível que uma pessoa deixe a prova em branco e não zere a prova ou que provas com o mesmo número de acertos tenham notas diferentes.

Sempre é bom lembrar, cada prova (ciências humanas e suas tecnologias; ciências da Natureza e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias.) vai possuir a sua própria escala de nota máxima e mínima, pois os candidatos terão resultados diferentes em cada uma e dessa forma estabelecerão padrões diferentes para a análise.