Há muitos anos "o futuro da educação" é um tópico discutido e debatido por pensadores das mais diferentes linhas do pensamento.
Se por um lado temos Bell Hooks e Paulo Freire discutindo uma pedagogia libertadora, do outro, os coaches, que não são professores, alimentam o discurso liberal de que a educação deve se descentralizar de instituições qualificadas para tal.
O futuro da educação vem sendo discutido por séculos, e as possibilidades deste tal futuro (e da discussão em si) são atravessadas e enriquecidas pelas mudanças sociais e tecnológicas.
Um exemplo recente é o uso do celular em sala de aula. Se antes o aparelho era motivo de brigas entre alunos e professores por servir de distração nas aulas, durante a pandemia ele se tornou o meio pelo qual as aulas eram possíveis.
E se talvez o celular não seja mais lido como vilão da educação, o posto de possível vilania toma outra forma: a inteligência artificial.
Diferente do que pensávamos há 40 anos atrás, a inteligência artificial não é um robô que executa tarefas domésticas. Trata-se de um software que está programado para aprender com ações humanas e constantemente se aperfeiçoar com tal experiência.
Nos últimos meses alguns softwares ficaram à frente das discussões sobre a substituição humana por máquinas. Entre eles, o Chat GPT, Dall-E e Midjourney.
Os dois últimos são inteligências que criam imagens a partir da descrição do usuário. Já o primeiro, o Chat GPT, cria textos sobre os mais variados assuntos.
O Chat GPT pode ser utilizado em artigos, posts em redes sociais e talvez… no aprendizado, já que podemos fazer perguntas para o software sobre os mais diversos assuntos e ele irá nos responder com um texto possivelmente ideal sobre o tema proposto, seja uma curiosidade sobre café ou um texto sobre a revolução industrial.
Sendo assim, qual o papel da educação, seus métodos pedagógicos e professores em uma sociedade em que coaches dão aulas e que inteligências artificiais podem explicar sobre os mais diversos conteúdos a um clique?
A resposta é extensa e complexa demais para ser dada em um simples artigo de opinião. Além disso, a provocação é aberta, sem intuito de uma resposta/consenso universal - até porque ainda não há.
O que temos, mais ou menos longe do futuro, é o presente. Nos tempos atuais, em terras brasileiras, talvez o novo ensino médio cause mais discussões, medo e legislação do que uma inteligência artificial.
Desta forma, o caminho do Chat GPT e de seus colegas ainda é incerto. O futuro da humanidade e o da educação também. Ao mesmo tempo que inovações surgem (e precisam surgir), dúvidas e medos emergem.
Neste ponto, no presente, não é conformismo afirmar que talvez a única coisa que podemos fazer sobre o futuro da inteligência artificial na educação é observar os avanços, possíveis utilidades e nos preparar para lutar por uma legislação quando assim for o caso.
Já sobre o futuro da educação, tema esse discutido há séculos, há diversas formas de pensar e lutar por uma elaboração de uma educação eficaz, democrática e libertadora.
Todas elas começam agora, no presente.