Érico Veríssimo
Érico Veríssimo é considerado um dos maiores romancistas da Literatura Nacional. Popular, teve muitas de suas obras traduzidas para diferentes idiomas.
Por Marina Cabral da SilvaÉrico Lopes Veríssimo nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de Cruz Alta, no dia 17 de dezembro de 1905. Foi considerado, ao lado de Jorge Amado, o romancista brasileiro de maior êxito junto ao público. Essa popularidade, infelizmente, fez com que a obra do escritor fosse negligenciada nas Academias e vista com reservas pela crítica mais sofisticada. Contudo, Érico figura entre os mais lidos e queridos nomes da Literatura Nacional.
Filho de família rica e tradicional que se arruinou financeiramente no início do século XX, Érico exerceu várias funções em sua juventude: foi bancário, lojista de farmácia e ajudante de comércio. Em 1930, transferiu-se para Porto Alegre, onde conheceu nomes como Augusto Meyer, expoente do Modernismo gaúcho que o encaminhou para o jornalismo literário. Ainda na década de 30 escreveu diversos romances que alcançaram grande projeção, tornando-se best-sellers traduzidos para diversas línguas. Esse reconhecimento do público, além do alinhamento com a ficção inglesa e norte-americana, fez com que Érico fosse convidado a dirigir um dos departamentos culturais da Organização dos Estados Americanos. Também foi professor de Literatura Brasileira nos Estados Unidos e, em 1947, deu início à sua mais famosa e aclamada obra, a trilogia da vida gaúcha O tempo e o vento.
Escrita entre 1947 e 1962, O tempo e o vento, obra de envergadura épica que narra a formação do povo rio-grandense, apresenta três volumes: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961). É considerada a obra mais representativa do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes obras literárias do Brasil. A saga das famílias Terra e Cambará ganhou versões para a televisão e cinema, reafirmando o grande interesse do público por aquela que é vista como a obra-prima de Veríssimo. Foi também autor de livros infantis e tradutor de obras importantes da Literatura Mundial, como Contraponto, de Aldous Huxley, cuja técnica narrativa muito influenciou sua escrita
Érico deixou vasta obra, entre elas romances, contos, livros infanto-juvenis, autobiografias e uma novela **
Érico Veríssimo foi um dos autores brasileiros mais conhecidos no exterior: suas obras foram editadas em mais de quinze idiomas. Foi escritor profissional, tendo dedicado sua vida exclusivamente à Literatura. Faleceu subitamente no dia 28 de novembro de 1975, em Porto Alegre, deixando inacabada a segunda parte do segundo volume de suas memórias, Solo de Clarineta, publicado postumamente, e um romance que se chamaria A hora do sétimo anjo. Sobre o amigo, escreveu Carlos Drummond de Andrade:
A falta de Érico Veríssimo
Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.
Obra de Érico Veríssimo
Contos:
Fantoche - 1932
As mãos de meu filho – 1942
O ataque – 1958
Romances:
Clarissa – 1933
Caminhos cruzados – 1935
Música ao longe – 1936
Um lugar ao sol – 1936
Olhai os lírios do campo – 1938
Saga – 1940
O resto é silêncio – 1943
O tempo e o vento (1ª parte) — O continente – 1949
O tempo e o vento (2ª parte) — O retrato – 1951
O tempo e o vento (3ª parte) — O arquipélago – 1961
O senhor embaixador – 1965
O prisioneiro – 1967
Incidente em Antares – 1971
Novela:
Noite – 1954
Literatura Infanto-Juvenil:
A vida de Joana d’Arc – 1935
As aventuras do avião vermelho – 1936
Os três porquinhos pobres – 1936
Rosa Maria no castelo encantado – 1936
Meu ABC – 1936
As aventuras de Tibicuera – 1937
O urso com música na barriga – 1938
A vida do elefante Basílio – 1939
Outra vez os três porquinhos – 1939
Viagem à aurora do mundo – 1939
Aventuras no mundo da higiene – 1939
Gente e bichos – 1956
Narrativas de viagens:
Gato preto em campo de neve – 1941
A volta do gato preto – 1946
México – 1957
Israel em abril – 1969
Autobiografias:
O escritor diante do espelho – 1966 (em “Ficção Completa”)
Solo de clarineta – Memórias (1º volume) – 1973
Solo de clarineta – Memórias 2 – 1976 (ed. póstuma, organizada por Flávio L. Chaves).
*A imagem que ilustra o artigo é capa do periódico Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles.
** A imagem que ilustra o miolo do artigo foi feita a partir de capas de livros do autor publicados pela editora Companhia das Letras.
Por Luana Castro
Graduada em Letras