Luísa e Jorge eram casados, viviam um casamento feliz e repleto de alegria e paixão nos primeiros anos. Essa boa convivência despertava em Jorge um desânimo quanto à sua viagem a trabalho para Alentejo. Na manhã antes da viagem Luísa leu no jornal que retornava a Lisboa, depois de fazer fortuna no Brasil, Basílio Brito, seu primo e também seu primeiro amor. Basílio era rico, mas depois de empobrecer foi para o Brasil e através de uma carta, após algum tempo, rompeu com Luísa. Por muito tempo ela esteve infeliz com o fim do romance, mas depois de novas amizades feitas e tempos passados esqueçeu-o e assim veio o casamento com Jorge.
Num domingo à noite, como de costume, reuniram na casa de Luísa e Jorge seus amigos: Julião, Sebastião, D. Felicidade, o conselheiro e Ernestino. Logo depois Jorge viajou e Luísa ficou sozinha apenas com as empregadas: Juliana, com quem não se dava bem e que apenas aceitava em casa por gosto de Jorge que se sentia agradecido por ela ter sido uma enfermeira fiel a sua tia tempos antes dela morrer e Joana, a cozinheira.
Logo após a partida de Jorge veio ter com Luísa seu primo Basílio. Conversaram e no dia seguinte ele retornou. Passou então a freqüentar a casa todos os dias. E logo, entre essas visitas, declarou por ela um amor que vinha desde a mocidade. Inicialmente Luísa o censurou; mas as lembranças do romance passado, a ausência de Jorge e as doces palavras de Basílio a fizeram ceder. Assim iniciou o caso dos dois. A essa altura a vizinhança já comentava a constância de Basílio na casa do “engenheiro”, Sebastião que a pedido de Jorge ficou como a zelar de Luísa depois de muito pensar teve com ela, coisa que não fizera antes por sempre estar com visita, e lhe disse o que se passava na vizinhança.
Nesses tempos Juliana, que tinha rancor de Luísa, ficava na espreita para confirmar sua suspeita acerca da infidelidade de Luísa. Juliana nutria tal sentimento por se sentir injustiçada quanto à morte da tia de Jorge a quem se dedicara e nada recebeu em troca e também pela inveja que tinha da senhora. Os falatórios na rua e o desejo de maior privacidade levaram Luísa e Basílio a terem um local de encontros, o “paraíso”. Passaram a se encontrar constantemente lá. E rapidamente novas fofocas se fizeram, estas se justificaram graças a D. Felicidade que teve um pé quebrado e assim as saídas de Luísa foram atribuídas às visitas na casa da amiga.
O “paraíso”, no entanto, não era um lugar extremamente agradável, possuía uma grandiosa simplicidade e já tinha sido local de encontro de outros. Luísa e Basílio tiveram ali grandes momentos, certa vez quase romperam, porém o “nunca mais” que o rompimento representava o empendiu de acontecer. Jorge continuava no Alentejo e falava a Luísa através de cartas. Às vezes ela até sentia remorsos, mas o romance seguia.
Foi até o momento em que Juliana, tendo em suas mãos cartas dos dois, se apresentou. Luísa se desesperou e junto a Basílio buscou uma solução. No entanto, depois que Basílio voltou ao hotel onde hospedava e teve com o amigo que o acompanhava decidiu que o melhor era ir embora. Assim foi ter com Luísa, disse que os negócios o chamavam com urgência à Paris, mas que voltava em breve. Perguntou quanto dinheiro Juliana queria pelas cartas, mas Luisa rancorosa despediu-se com frieza e disse que ela resolvia sozinha o problema com a empegada.
Juliana queria seiscentos mil contos de réis, foi aí que iniciou o tormento de Luisa. Pensou em contar a Sebastião e lhe pedir ajuda, mas desistiu. Logo Jorge chegou e nesses dia Luisa viu que sempre o amara e mais que nunca o amou. Juliana esperando seu dinheiro segurou o segredo através dos presentes que recebia de Luisa. Ela lhe concedeu um quarto melhor, lençóis de linho, um colchão melhor, uma cômoda cheia de roupas que antes perteceram à própria Luísa. Juliana então decidiu gozar do luxo que possuía.
Assim, deixou de cumprir suas tarefas, Luísa pra esconder tal coisa de Jorge começou a fazer os serviços de Juliana, pois quando fazia deixava pelas metades. Vendo que Jorge observava tudo que se passava procurou sua amiga Leopoldina. Essa era uma amizade da qual Jorge não fazia gosto, porque Leopoldina tinha muitos amantes, mas como a amizade vinha dos tempos de colégio Luísa não quis rompê-la. Luísa procurou a amiga e revelou toda a traição e pediu que a ajudasse. Leopoldina sugeriu que ela procurasse Castro, um homem rico que era capaz de fazer tudo por ela, Luísa abominou a idéia, mas depois se rendeu quando em uma manhã viu que ele partiria em breve para o estrangeiro.
Leopoldina chamou o homem que chegou rapidamente, o dinheiro foi pedido e o homem concedeu, qunado Luisa ficou a sós com ele que se jogou em cima dela, usando o chicote dele, Luísa o pôs pra fora a chicotadas, ficando sem o dinheiro.
Jorge via a comodidade de Juliana e a defesa que Luísa lhe dava e passou a ter raiva da empregada. Luisa justificava as faltas dela com a doença que a pobre sofria. Mas em uma manhã, Jorge vendo o estado da casa avisou que ao anoitecer queria vê-la na rua. Fez-se nova confusão na casa. Luísa entre choro pôs Juliana na rua e suplicou que ela fosse sem escândalo. Correu, então, até a casa de Sebastião contou-lhe tudo e ele sem perguntas disse que ajudaria. Precisava ficar só com a empregada e por isso Luisa e Jorge, acompanhados de D. Felicidade, foram ao teatro.
Sebastião junto a um policial foi à casa de Jorge, teve com a mulher e pediu que lhe entregasse as cartas se não iria presa. Com as cartas nas mãos, Juliana antes de sair caiu no chão morta, sua saúde era fraca, os nervos e a ira que lhe foi provocada a mataram. Quando os donos da casa chegaram Sebastião tinha chamado Julião e disse que entrara na casa e a mulher que esbravejava por ter sido demitida caiu morta.
Ela foi enterrada, no dia seguinte Luísa amanheceu com uma febre que só foi piorando. Teve então dias melhores, conheceu a empregada nova, Mariana. Com as melhoras fez até mesmo planos para o futuro, mas quando ela estava melhorando chegara uma carta para ela, Jorge acabou lendo-a.
A carta era a resposta de uma carta enviada por Luisa a Basílio em que arrependida lhe pedia o dinheiro para pagar Juliana. Na carta, Basílio disse que demorou receber a carta dela e que se ainda precisasse do dinheiro lhe mandasse um telegrama. E ainda declarava-lhe amor e lembrava do “paraíso”. Jorge viu a traição e por isso vinha tratando diferentemente Luisa, que apesar da sua melhora ainda estava fraca e por isso quando Jorge e o seu mau humor e frieza lhe entregou a carta, desmaiou.
Daí em diante Luísa piorou grandiosamente. Antes que ela perdesse a lucidez Jorge lhe deu um beijo e foi correspondido, nesse momento tudo foi perdoado, mas daí pra frente Luísa não teve melhora, pelo contrário, adoeceu gravemente, teve “febre cerebral” acompanhada por delírios. Por fim morreu. Em casa, Jorge e os amigos lamentavam. Dias após a morte de Luísa, Basílio voltou a Lisboa para findar seus negocios por lá. Procurou Luísa e encontrou a casa fechada, Jorge vivia com Sebastião, o vizinho que lhe falou da morte. Basílio apenas voltou ao hotel lamentando-se por não ter levado consigo uma amante de Paris.
Por Rebeca Cabral