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Inicialmente nós temos o eu-lírico cantando a beleza do alto mar, descrevendo os ventos nas velas, a fusão do céu e do mar, o brilho da lua e dos astros, as ondas do mar, a música que a brisa cria. Fala ainda de como o navio caminha sem deixar rastros e de como eram felizes aqueles que puderam contemplar toda a majestade dessas cenas.
Depois ele fala da bravura dos marinheiros que cantam glorificando suas pátrias ou os versos de Homero ou ainda canções do passado, que desvendam os mares no qual Ulisses velejou e de como se tornam apenas filhos do mar.
Mas então o eu–lírico descobre o que há no interior do navio. E então ele passa a cantar a horrorosa cena que vê de homens, mulheres e até crianças, “negras como a noite”, que dançavam como ordenava o chicote do capitão, provocando um horrível barulho. O eu–lírico, então, passa a descrever esses tripulantes: mulheres nuas, espantadas e com os seios suspensos; as crianças magras, com as bocas pretas suplicando por comida; os homens que dançam conforme o chicote e os velhos que se arquejam também com a mesma dor. E diante dessa cena os marinheiros e o próprio capitão riem-se e dão continuidade àquele horror.
Depois de ver tal cena o eu–lírico se questiona por que Deus não interfere, por que os astros e o mar, o imenso mar, não apagam aquelas cenas. E ainda se questiona de quem são esses homens negros. A resposta é que são homens antes livres, bravos, que viviam em tribos andando nus, combatiam tigres e eram guerreiros gloriosos, mas agora eram míseros escravos. E os outros eram lindas crianças que depois mais lindas virgens se tornavam e agora eram mulheres desgraçadas, sedentas, abatidas e enfraquecidas, que carreavam no colo seus filhos que viam leite se transformar em choro junto às algemas que os prendiam a todos.
O eu–lírico canta depois a mudança da vida destas pessoas. Fala como deram adeus aos amores, ao sono sem compromisso, às guerras que travavam pelo seu povo, às caças aos animais e à liberdade; e agora, sendo escravos, estavam em um porão apertado, sujo e infectado de doenças, sendo sempre acordados pelo barulho de um corpo sendo lançado ao mar, sentindo fome, sede e cansaço. Então mais uma vez o eu–lírico se pergunta se toda aquela cena era verdade ou se ele não estaria delirando. Pergunta a Deus por que não impede aquilo tudo ou por que o mar não interrompe aquelas atrocidades ou por que os astros não somem para que as cenas sejam apagadas.
Concluindo, o eu-lírico se questiona sobre o país responsável por tal crime e ainda sobre como os heróis que lutaram pela conquista do Novo Mundo deviam se levantar e impedir que coisa tão horrorosa acontecesse em suas terras que já se aproximavam.
Por Rebeca Cabral
Depois ele fala da bravura dos marinheiros que cantam glorificando suas pátrias ou os versos de Homero ou ainda canções do passado, que desvendam os mares no qual Ulisses velejou e de como se tornam apenas filhos do mar.
Mas então o eu–lírico descobre o que há no interior do navio. E então ele passa a cantar a horrorosa cena que vê de homens, mulheres e até crianças, “negras como a noite”, que dançavam como ordenava o chicote do capitão, provocando um horrível barulho. O eu–lírico, então, passa a descrever esses tripulantes: mulheres nuas, espantadas e com os seios suspensos; as crianças magras, com as bocas pretas suplicando por comida; os homens que dançam conforme o chicote e os velhos que se arquejam também com a mesma dor. E diante dessa cena os marinheiros e o próprio capitão riem-se e dão continuidade àquele horror.
Depois de ver tal cena o eu–lírico se questiona por que Deus não interfere, por que os astros e o mar, o imenso mar, não apagam aquelas cenas. E ainda se questiona de quem são esses homens negros. A resposta é que são homens antes livres, bravos, que viviam em tribos andando nus, combatiam tigres e eram guerreiros gloriosos, mas agora eram míseros escravos. E os outros eram lindas crianças que depois mais lindas virgens se tornavam e agora eram mulheres desgraçadas, sedentas, abatidas e enfraquecidas, que carreavam no colo seus filhos que viam leite se transformar em choro junto às algemas que os prendiam a todos.
O eu–lírico canta depois a mudança da vida destas pessoas. Fala como deram adeus aos amores, ao sono sem compromisso, às guerras que travavam pelo seu povo, às caças aos animais e à liberdade; e agora, sendo escravos, estavam em um porão apertado, sujo e infectado de doenças, sendo sempre acordados pelo barulho de um corpo sendo lançado ao mar, sentindo fome, sede e cansaço. Então mais uma vez o eu–lírico se pergunta se toda aquela cena era verdade ou se ele não estaria delirando. Pergunta a Deus por que não impede aquilo tudo ou por que o mar não interrompe aquelas atrocidades ou por que os astros não somem para que as cenas sejam apagadas.
Concluindo, o eu-lírico se questiona sobre o país responsável por tal crime e ainda sobre como os heróis que lutaram pela conquista do Novo Mundo deviam se levantar e impedir que coisa tão horrorosa acontecesse em suas terras que já se aproximavam.
Por Rebeca Cabral