Entre 2012 e 2021, o número de pessoas com mais de 60 anos nas universidades aumentou em 56%, segundo o Censo da Educação Superior do Inep. Os interesses desse público em realizar uma graduação são muito diversos, vão desde conquistar um sonho que não puderam na juventude até a busca por mais conhecimento.
Com o propósito de conhecer a trajetória e os anseios desse grupo, conversamos com Sônia Pitta, doutora em matemática, avó com 76 anos que estuda para passar em história pela prova da Fuvest.
Motivação para fazer vestibular para história aos 76 anos
Sônia compartilha que fez sua educação em escolas públicas e afirma que, no seu tempo, o ensino era muito bom, principalmente em matemática e biologia. Entretanto, ela não considera que o ensino de história tinha mesmo nível e por isso, considera que sabe muito pouco sobre o tema e diz:
“Eu acho que história é uma disciplina importante porque ela ajuda você a ter uma consciência histórica, uma consciência cívica, tudo isso depende de você conhecer o passado, enfim, da humanidade e do Brasil.”
Ela se aposentou em 2018, com 70 anos, após ser professora por 4 décadas. Então, ela começou a procurar meios de ingressar na Universidade do Estado de São Paulo (USP), viu que existe um programa chamado USP 60+, mas não havia vagas para história.
Ao saber que o neto foi aprovado para arquitetura pelo vestibular comum, ela começou a considerar essa possibilidade, até porque ajudou ele na preparação para a prova de matemática. Com a aproximação desse “mundo dos vestibulares” decidiu começar a se preparar para a prova da Fuvest.
Conheceu a IntegralMind e gostou da proposta do curso que se adaptava a sua realidade e ingressou como aluna na instituição. Ela afirma que gosta de ditar o próprio ritmo de estudo e realizar sua preparação de forma independente.
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Desafios na preparação para a Fuvest aos 76 anos
Sônia afirma que o principal desafio é encaixar os estudos em sua rotina, que já tem os horários estabelecidos, além do cansaço. Mas, que aos pouco tem se adaptado para aumentar os períodos de estudo no dia a dia.
Teve que fazer várias concessões como mudar o horário da ginástica, cancelar o curso de francês e sair de um grupo de estudos de psicanálise do qual participava. Agora ela declara:
“Então, agora eu tenho bastante tempo para estudar e realmente eu faço com prazer. O que eu gosto de aprender e eu estou vendo que eu avanço rápido. No começo eu avançava bem devagar em história. Agora, eu já avanço bem mais rápido. Já terminei, já estou na nova república. Só falta esse ponto para eu avançar na história.”
Diferenças de se preparar quando jovem e de se preparar hoje em dia
Sônia diz que na época do seu primeiro vestibular eram aplicadas mais provas, mas que hoje em dia a concorrência é maior. Ela também afirma que os processos seletivos de hoje em dia são mais sofisticados, no que tange a reserva de vagas, com fila de ampla concorrência, para alunos de escola pública e demais ações afirmativas.
Outro aspecto que ela fala sobre é diferença que a idade tem, Sônia disse:
“Agora, por outro lado, naquele tempo, eu tinha uma cabeça de 16 anos. Agora, a minha memória não é tão boa. Então, tem isso também. Diferente, né, se fazer um vestibular com 16 / 17 anos e fazer com 76.”
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Conselho para pessoas nessa faixa etária que querem passar no vestibular
Sônia, ao compartilhar conselhos, começa dizendo que é preciso ter convicção do que se quer e também é necessário estabelecer estratégias de estudo adaptadas a realidade da pessoa. Ela também declara:
“ A pessoa tem de organizar muito bem o tempo dela, porque o tempo que ela tiver disponível vai ser para ela recuperar ou aprender pela primeira vez os conhecimentos que ela vai precisar. Então, acho que já que ela vai fazer essa opção, é melhor que ela sinta prazer nisso, como eu. Eu gosto do que estou fazendo. Então, para mim, na realidade, não é, digamos, uma tarefa que tem essa natureza de ser uma coisa chata, nem nada, ao contrário. Entra na categoria dos prazeres para mim.”