O peso invisível: desigualdade, consumo e os desafios da obesidade no Brasil

No romance “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago, uma epidemia invisível revela a fragilidade das estruturas sociais diante do caos. Analogamente, a obesidade no Brasil cresce de forma silenciosa, epidêmica, e reflete, mais do que uma condição física, o resultado de um sistema que adoece corpos e mentes. A redução dos altos índices de obesidade no país exige, portanto, uma abordagem multifatorial que compreenda os desafios sociais, econômicos e culturais enraizados na realidade brasileira. (Muito bem. Contextualizou o tema e formulou a tese)

Inicialmente, é imperativo reconhecer que o excesso de peso não é apenas fruto de escolhas individuais, mas, sobretudo, uma consequência de um ambiente social obesogênico. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira está acima do peso. Isso se deve, em grande parte, à crescente urbanização e ao ritmo frenético da vida moderna, que favorecem o consumo de alimentos ultraprocessados — ricos em açúcares, gorduras e aditivos — em detrimento de refeições saudáveis e naturais. Essa cultura do “fast food”, herdada de um modelo capitalista ocidental, impacta negativamente principalmente as camadas mais vulneráveis da sociedade, que muitas vezes carecem de acesso a alimentos frescos e de qualidade. (Discussão pertinente. Melhore a apresentação dessa ideia)

(Boa estratégia coesiva) Além disso, o sedentarismo é um fator agravante. Em meio a tecnologias que facilitam tudo — do transporte ao lazer — o corpo humano, feito para o movimento, permanece aprisionado na inércia. Nas escolas públicas, muitas vezes (Vírgula) não há estrutura adequada para a prática de atividades físicas regulares, e a educação alimentar ainda é negligenciada no currículo escolar. Isso é preocupante, sobretudo considerando que o sobrepeso severo infantil tem crescido exponencialmente, comprometendo a saúde das futuras gerações. Como diria o médico e pensador Drauzio Varella, "o sedentarismo é o novo cigarro", uma epidemia moderna disfarçada de conforto.

Dessa forma, é necessário que o Estado, em parceria com a sociedade civil, atue de maneira eficaz e humanizada. Em primeiro lugar, o governo deve investir em políticas públicas que garantam o acesso a alimentos saudáveis, por meio de subsídios a feiras orgânicas, hortas comunitárias e programas de merenda escolar com base nutricional. Em segundo plano, é essencial fortalecer a educação alimentar e nutricional nos ambientes escolares, com projetos integrados e campanhas que despertem desde cedo a consciência sobre o cuidado com o corpo. Por fim, é urgente criar e manter espaços públicos de lazer e prática esportiva, sobretudo nas periferias urbanas, para incentivar a população à movimentação. (Não apresentou a proposta completa)

​​​​​​​(Boa estratégia coesiva) Portanto, combater a obesidade no Brasil não é apenas uma questão de saúde, mas um ato de justiça social, de resgate da dignidade e do direito ao bem viver. É preciso enxergar além do peso do corpo: ver o peso das estruturas que o moldam. Só assim, com ações articuladas, empatia e compromisso coletivo, o nosso país poderá trilhar um caminho mais leve — no corpo, na mente e na alma.