Os fins justificam os meios?

Em 11/07/2008 11h01 , atualizado em 15/07/2008 12h54 Por Camila Mitye

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Em janeiro deste ano um tema bastante polêmico foi debatido aqui no blog: o uso de animais como cobaias, principalmente nas universidades.

E não é que o tema ta aí de novo? É claro, ele sempre estará. Mas o fato é que uma polêmica envolvendo cachorros, estudantes de Medicina e a prática da vivissecção na Universidade Federal de Goiás (UFG) tem provocado um rebuliço no Orkut.

O caso é que fotos do canil da Faculdade da Medicina da UFG, de suposta autoria de “defensores de animais”, estão circulando pela internet, anexadas à uma denúncia contra maus tratos aos cachorros. As fotos são chocantes, os cães parecem doentes, os canis são sujos e em uma delas parece que um animal está se alimentando do outro (o que é reforçado no texto da denúncia).

Veja as fotos e a denúncia

O que os defensores denunciam é a vivissecção, que estaria sendo praticada pelos estudantes de Medicina nos cães da Faculdade. Para quem já não pediu socorro ao Google, vivissecção é o ato de dissecar um animal vivo, com propósitos científico-pedagógicos. De acordo com palavras da própria denúncia, “os animais são abertos e fechados várias vezes e por vários alunos e depois são colocados de volta ao canil, junto com os outros animais, com suturas e mais suturas, voltando da anestesia (quando ela não acaba durante o procedimento).”

A UFG divulgou hoje (11) uma nota de esclarecimento, em nome do diretor da Faculdade de Medicina da UFG, professor Heitor Rosa, negando todas as denúncias. Segundo a nota, o canil obedece às normas da Superintendência de Vigilância Sanitária e Ambiental do Estado de Goiás e do Conselho Regional de Medicina Veterinária e funciona sob a supervisão de um médico veterinário.

Nota de esclarecimento da UFG

O professor defende o uso de animais para a aprendizagem, pois, “o que não se admite é utilizar o homem como cobaia (prática nazista) para testar uma nova técnica cirúrgica ou operação, assim como novos tratamentos com medicamentos.”

Os defensores querem ações do Ministério Público, principalmente pelo fato dos animais serem doados à UFG pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da capital, Goiânia, sendo, portanto, tutelados pelo Estado.

O debate foi aquecido principalmente depois que a promotora de Justiça Marta Moriya Loyola, do Ministério Público Estadual, autorizou a utilização de cem cães doados pelo CCZ como cobaias no 9º Curso de Cirurgias Urológicas por Vídeo, promovido pelo Departamento de Cirurgia e Serviço de Urologia da Faculdade de Medicina/Hospital das Clínicas da UFG, que acontece na semana que vem (de 14 a 19 de julho).

Veja nota no site da UFG

Utilizar cães como cobaia e depois sacrificá-los ou simplesmente deixá-los em canis é uma prática antiga na UFG, que deve acontecer também em outras universidades do país. Você acha que a expressão “os fins justificam os meios” justifica essa ação? Ou concorda com os defensores dos animais? Será que, em pleno século XXI, com tantos avanços científico-tecnológicos, ainda é necessário aprender a salvar vidas matando outras (mesmo que sejam cachorros)?

Vamos retomar esse assunto!