O que esperar de 2010?

Em 24/12/2009 12h22 , atualizado em 28/12/2009 11h13 Por Wanessa de Almeida

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A primeira década do século XXI se encerrou com um ano singular, de acontecimentos ímpares, que modificaram de algum modo a rotina de todos. Pode-se dizer que mudanças importantes acontecem a cada 365 dias, mas 2009 ficará gravado na História como sinônimo de transformações mas muito mais de estagnação. Que comprove a última rodada do Brasileirão. A festa do título amargado pelo Flamengo há 17 anos foi ofuscada pela barbárie no jogo que rebaixou o Coritiba para a série B do campeonato. Um verdadeiro festival de pancadaria, para não dizer, retrocesso.

Você vestibulando viu sua rotina de estudos totalmente alterada quando em junho o ministro da Educação anunciou mudanças radicais no Enem. Viu também o exame ser adiado por conta do fraco sistema de segurança das provas. Avaliou as 180 questões aplicadas nos dias 5 e 6 de dezembro como cansativas e longas, além de distantes da realidade da maioria dos estudantes que engrossam a fila dos que só tem acesso ao ensino público, ainda bem longe do ideal. Mas viu ainda mais.

Viu Silvio Santos perder o Lombardi, o pop perder Michael Jackson, a Ciência perder Lévi Strauss. Entre enchentes e terremotos causados pelo aumento da temperatura do planeta e o fracasso dos líderes mundiais em decidir medidas para evitar que a Terra não cozinhe daqui a alguns anos, vivemos o caos de uma pandemia que a Ciência ainda não consegue combater. A nova gripe, A(H1N1), matou milhares de pessoas nos cinco continentes e levantou questionamentos e críticas diante da ineficácia dos sistemas de saúde – incluindo o brasileiro. A doença também nos fez perceber que a melhor prevenção era manter bons hábitos de higiene, medida que também baixaria os níveis de doenças como leishmaniose e diarreia infantil.

A política assistiu a atuação pouco convincente de quem se colocou no papel de protagonista de transformações radicais. Rodeado de incógnitas, o prêmio Nobel da Paz foi dado ao primeiro presidente negro dos EUA. Barack Obama encerra timidamente seu primeiro ano de mandato com contradições e poucas decisões relevantes. Adiou para 2011 a retirada das tropas norte-americanas do Iraque e não conseguiu desempenhar papel decisivo em Copenhague, sendo apenas piloto de um acordo sem muitos propósitos para que os países diminuam os índices de emissão de gases causadores do efeito estufa. Obama ainda tem um grande legado pela frente, mas terá que suar muito para deixar para trás as estórias contraditórias de seu antecessor.


Campanha publicitária do Greenpeace publicada antes da conferência em Copenhague: fracasso premeditado

Por aqui, o carnaval foi antecipado para 2 de outubro, quando milhares de pessoas ocuparam as ruas cariocas para comemorar a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. O sonho foi despertado quando um helicóptero da PM caiu após ser atingido durante uma disputa armada entre facções criminosas rivais. O episódio serviu para nos lembrar que ainda há muito chão para ser pavimentado em seis anos para que a cidade seja maravilhosa o bastante para receber o mundo durante os jogos. Não bastará ter infraestrutura bilionária. Será preciso o dobro em investimentos para reverter os graves problemas sociais que ainda acometem não só o Rio, mas o País.


Rio 2016: podemos comemorar?

Na economia, vimos o governo Lula dizer que a crise mundial chegou ao Brasil como uma “marolinha”. Para movimentar os cofres e não deixar que setores importantes - como o automobilístico - estagnassem, ele reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI. Para quem não sabe, o Fundo de Participação dos Municípios é calculado com base no tributo. Isto significa que nas prefeituras que dependem do governo federal para manter serviços básicos como saúde e educação, a crise chegou como um maremoto. Isto não foi muito noticiado nem quando muitas delas ameaçaram fechar as portas.

Para fechar o ano com chave de ouro, assistimos a mais um capítulo do espetáculo Mensalão. Agora o protagonista é o único governador eleito pelo antigo PFL: o do Distrito Federal. O partido que já elegeu tantos marajás chegará ao período eleitoral enfraquecido por cenas de tirar o fôlego, afinal já se tornou normal assistir de camarote nos noticiários cenas lastimáveis de parlamentares com dinheiro escondido em partes íntimas. O caso pode virar pizza, como aconteceu no capítulo contracenado pelo PT em 2005. Melhor dizendo, pode virar panetone. O que não será surpresa, já que a corrupção parece ser um caminho sem volta nesta terra de meu Deus.


2009 é marcado para mais um escândalo de corrupção no País

Mais discussões sobre o pré-sal... Lei anti-fumo... Agora para ser jornalista não é preciso passar por curso específico na universidade... E lá vem 2010. O brasileiro terá muito para se entreter nos próximos 365 dias. Dividirá as atenções entre o mundial da África do Sul e o pleito que elegerá novos deputados, senadores, governadores e o presidente, disputa esta que até o momento mostra-se imprevisível. Mas o que esperar além do hexa campeonato mundial? O que é necessário ser feito para que 2010 seja um ano melhor para todos? Participe de mais está discussão e um feliz ano novo! É o que deseja a equipe Brasil Escola!