O desastre das drogas

Em 11/08/2010 10h59 , atualizado em 11/08/2010 11h25 Por Gabriele Pires Alves

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Uma portaria vigente desde a semana passada prorrogou o prazo de emprego da Força Nacional de Segurança Pública nas regiões de fronteiras do Brasil, nos Estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina.

O Ministério da Justiça optou por manter a operação denominada Sentinela por mais 90 dias para atuação em apoio às operações realizadas pelo Departamento de Polícia Federal, no sentido de coibir o tráfico de drogas, armas, entrada de produtos ilícitos, saída irregular de riquezas e crimes associados. O prazo poderá ser prorrogado, se necessário.

Iniciada no mês de março, a operação conta com o esforço conjunto da Polícia Federal com as Forças Armadas, Força Nacional, Secretaria de Segurança dos estados, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – Censipam, e oferece apoio operacional para ação nos casos em que forem detectadas práticas criminosas nas regiões de fronteiras do Brasil.

A operação inaugura uma nova fase no controle das fronteiras, mas e ao tocante às drogas, ela será suficiente? A integração e cooperação permanente entre órgãos federais e estaduais no combate aos ilícitos transnacionais é uma ótima pedida, mas é preciso ir além. É cada vez maior o número de pessoas que se afundam no mundo das drogas e não conseguem voltar à superfície e, até o momento, o Estado não traçou um plano eficaz destinado a proteger a sociedade deste mal.

Homens da força nacional estão presentes na fronteira de todo o país

Vamos fazer uma analogia: em 1986 nasceu o Programa Nacional de DST e AIDS impulsionado pelos casos e óbitos de aids crescentes. Dois anos depois, a Organização Mundial da Saúde institui o primeiro de dezembro como dia internacional de luta contra a aids, como parte de uma estratégia de mobilização, conscientização e prevenção em escala global. A data passou a ser observada também no Brasil, mote para o lançamento de informações e campanhas educativas.

Pois bem, nada que tenha tido êxito foi feito para enfrentar o tráfico de drogas e sua distribuição às pessoas. A operação Sentinela é uma medida paliativa, maquia o problema para mostrar que está se fazendo algo, mas não o cura. De 09 de março a 18 de abril foram apreendidos 480,8 quilos de maconha, 46 quilos de cocaína e 6.738 pacotes de cigarro. No entanto, esses números são insignificantes se pensarmos que há, pelo menos, 70 anos entram no Brasil toneladas de maconha, cocaína e crack produzidas no Paraguai, na Bolívia e na Colômbia.

De nada adianta combater a ação dos traficantes internamente se nos territórios vizinhos a droga continua a ser produzida e a entrar em nosso país. O ideal seria o Brasil usar de seus status de destaque na América do Sul para propor um trabalho conjunto com os países fronteirísticos de enfretamento à produção de drogas.

Sabemos que a droga está na raiz de grande parte dos crimes cometidos no país. No entanto, os esforços para a recuperação dos viciados são de iniciativa privada, universidades e associações de classe. Essas ações são louváveis, mas, sem dúvida, falta um estímulo programado do governo na luta contra as drogas.

E você vestibulando, acredita que a operação Sentinela será suficiente para combater o tráfico de entorpecentes e a entrada ilegal de armas e munições no Brasil? Que outras medidas poderiam ser tomadas para conter a disseminação de drogas e o crime organizado? Não deixe de participar!