“No comprendo”

Em 13/03/2008 16h14 , atualizado em 13/03/2008 18h07 Por Marla Rodrigues

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Na última semana, a mídia brasileira publicou matérias denunciando os maus tratos por que passaram os brasileiros que tentaram entrar na Espanha. No entanto, a mídia espanhola “fez vista grossa”, até que oito empresários espanhóis que chegaram ao Brasil foram mandados de volta para casa simplesmente por serem... espanhóis!

O jornal espanhol ABC afirmou que a atitude brasileira se deu em represália à expulsão de 30 brasileiros da Espanha no dia 6 de maço. Só no mês de fevereiro, 452 pessoas foram mandadas de volta para o Brasil sem nem terem saído do aeroporto. Este número é vinte vezes maior que o número de repatriados no último um ano e meio.

Tanto Espanha quanto Brasil têm o direito de barrar a entrada de qualquer imigrante caso as autoridades suspeitem da intenção de permanência ilegal. Tudo isto depende de fatores como motivos razoáveis para a permanência no país, dinheiro para se manter durante determinado período, lugar para ficar e documentação regularizada.

No entanto, estar com todos os documentos em mão não foi suficiente para que um grupo de estudantes do Rio de Janeiro fosse barrado ao fazer uma escala em Madrid. O destino final era Lisboa, onde eles participariam de um congresso. Apesar de terem todos os documentos que comprovavam a participação deles neste tal congresso em Portugal, foram repatriados.

Os 30 brasileiros do dia 6 entupiram uma sala desconfortável, foram obrigados a passar horas sem comer, sofreram agressões verbais, ouviram grosserias (europeu não é nada do que se possa chamar de gentil) e ouviram que não poderiam nem ao menos conversar com os policiais para explicar suas situações. Do outro lado do Atlântico, porém, os espanhóis foram repatriados em poucas horas.

A questão política

Zapatero – reeleito este ano como primeiro-ministro da Espanha – regularizou a situação de 500 mil imigrantes ilegais em 2005. Porém, neste ano, afirmou em entrevista para o El País que não promoverá outra regularização em massa e que fará o possível para repatriar os imigrantes ilegais. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (uma espécie de IBGE de lá) de 2007, o número de pessoas ilegais no país chegava a 4 milhões, o que representa quase 10% do total da população espanhola.

O jornal espanhol La Vanguardia publicou que depois da semana santa Celso Amorim e Miguel Angel Moratinos – ministros das Relações Exteriores do Brasil e Espanha, respectivamente – se reunirão para tentar esclarecer a situação e firmar um acordo que possa resolver o problema.

Trabalho

Vários são os brasileiros que se encantam com as oportunidades que a Espanha oferece. O fato de receber em euros (2ª moeda mais cara do mundo) também é um atrativo, seja para ajudar a família no Brasil ou para melhorar de vida. O fato é que os brasileiros estão invadindo não só a Espanha, mas toda a Europa, seja para trabalhar, estudar ou, numa modalidade muito conhecida por lá, para se prostituir.

As brasileiras não têm muito boa reputação e a Polícia Federal já flagrou várias quadrilhas que exploravam a prostituição com o chamado “tráfico de mulheres”. Há mais ou menos duas semanas foi presa uma quadrilha que aliciava mulheres em Goiás e Mato Grosso para trabalharem como prostitutas na Espanha. O chefão era espanhol.

A culpa é do Brasil que não oferece condições de trabalho, dos europeus que pagam caro pelos “serviços” das brasileiras (sendo assim um atrativo), dos europeus que aliciam as mulheres para irem para lá ou das brasileiras que se prestam a este tipo de conduta?

E o mais importante: é justo que os inocentes paguem pelos culpados? Até quando os brasileiros serão repatriados por nenhum motivo aparente?

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