Não é o fim do embargo a Cuba

Em 14/04/2009 16h34 , atualizado em 14/04/2009 18h35 Por Marla Rodrigues

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Na última segunda-feira (13), o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, anunciou um pacote de medidas que visam atenuar os impasses entre Cuba e Estados Unidos, em uma atitude que contraria quase meio século de história.

Obama derrubou as restrições quanto à frequência e permanência das viagens de cubanos residentes nos EUA à ilha. Aqueles que têm família na terra de Fidel Castro poderão enviar quantas vezes e em quantidade que quiser: dinheiro, roupas, itens de higiene pessoal e material de pesca. As remessas estão proibidas, no entanto, para membros do governo cubano ou do partido comunista.

O presidente dos Estados Unidos também permitiu que empresas de telecomunicação norte-americanas façam negócios com Cuba, o que significa que poderão vender telefonia fixa e celular, rádio, internet e TV por satélite. Uma possibilidade de instalar voos comerciais regulares entre os países também está sendo estudada.


Obama parece querer pôr fim a embargo

Tudo isto, porém, ainda não é o fim do embargo a Cuba, imposto em 1962. Mas já é um começo. Os países ainda não restabeleceram relações diplomáticas nem comerciais, mas parece que para isso falta pouco, bem pouco.

A decisão precede a Cúpula das Américas, que acontece de 17 a 19 de abril, em Trinidad e Tobago, e que contará com representantes de 34 países. A reunião tem como ponto principal a discussão de ações contra a crise econômica mundial, mas as medidas podem desviar-lhes - não sem razão - a atenção.

Opiniões

Uma pesquisa feita entre 25 de março e 06 de abril com 765 norte-americanos adultos demonstra que 49% concordam com o fim do bloqueio a Cuba e que 48% preferem mantê-lo.

Fidel Castro aplaudiu a decisão de Obama, mas lamenta que este ainda não seja o fim do problema que perdura há quase meio século entre os dois países. Segundo artigo publicado em Cuba de autoria de Fidel, o embargo custa vidas humanas e ocasiona sofrimento aos cidadãos cubanos.


Fidel não ficou totalmente satisfeito com as novas medidas

O ex-líder da ilha comenta que não quer personificar em Obama tudo o que outros dez presidentes norte-americanos causaram a Cuba e que este é um bom momento para se promover a mudança da história.

Por que existe o embargo?

Cuba foi um dos últimos países da América a se tornar independente. Para isso teve a ajuda dos Estados Unidos, que tinham na ilha grandes interesses militares e comerciais. Em 1950, o general Fulgência Batista, apoiado ainda pelos EUA, instituiu a ditadura. O período era tenso e as diferenças sociais gritantes.

Um grupo de guerrilheiros se formou com a intenção de tomar o governo pela força de armas. Entre 1956 e 1959, cerca de 80 homens comandados por Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara conquistaram várias cidades de Cuba.


Os líderes da Revolução Cubana: Che, Fidel e Cienfuegos

Em 1959 tomaram o governo e estabeleceram um regime que visava melhorar a vida dos menos favorecidos, o que não era interessante para os EUA que, para demonstrar seu descontentamento, deixou de importar o açúcar cubano.

Em contrapartida, a ilha se aproximou da União Soviética para poder se sustentar. Essa atitude fez com que os EUA, sob ordem do então presidente John Kennedy, rompesse diplomacia com o país.

Em 1962, o bloco soviético supostamente instalou em Cuba uma base de mísseis apontados para os Estados Unidos, episódio esse conhecido como “Crise dos Mísseis”, um dos pontos mais tensos da Guerra Fria. Por medo ou interesse, todo o bloco capitalista passou a boicotar Cuba.


Fidel afirma que não pedirá "esmolas" aos Estados Unidos

Esse acordo entre a ilha e a URSS só foi vantajoso até 1990, quando o bloco soviético perdeu forças e deixou de existir. Em 2008 Fidel entrega o poder a seu irmão, Raul Castro. Desde a posse de Obama, no início de 2009, é esperado o fim do embargo a Cuba, mas ainda é preciso aguardar o curso da história para sabermos se haverá um ‘final feliz’.

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