Quem está antenado com as novidades tecnológicas já leu ou ouviu falar sobre a nova sensação da Apple: o iPad. A última invenção de Steve Jobs, co-fundador da empresa, vendeu quase 800 mil exemplares em menos de um mês de lançamento, isso só nos Estados Unidos. No resto do mundo, as vendas devem começar só no final de maio, mas não no Brasil.
Para que os tablets da Apple cheguem ao país, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) precisa primeiro liberar sua comercialização, o que não é tão simples. A versão do iPad que está sendo vendida nos Estados Unidos apresenta conexão Wi-Fi, que ainda é pouco utilizada no Brasil. Os modelos 3G, rede sem fio mais comum por aqui, só estarão disponíveis por enquanto para Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Espanha, Suíça e Reino Unido.
Mas para quê serve o iPad? O tablet da Apple está sendo considerado o livro do futuro, a revolução da leitura e do digital. No iPad você pode armazenar várias literaturas, ler jornais, assistir filmes e seriados, interagir com transmissões de TV e instalar uma gama de programas e jogos. Tudo isso em uma tela de 24cm, 1,3cm de espessura e pesando menos de 0,8kg.
Nos Estados Unidos e nos países mais ricos da Europa e da Ásia, o iPad tem tudo para pegar. No Brasil a história é diferente. A compatibilidade, o preço, os impostos e a pirataria barram o investimento das empresas internacionais no nosso país, incluindo neste grupo a Apple.
Ainda não existe uma previsão para comercialização de livros em português no iPad. Por enquanto, quem tem o tablet no Brasil usa-o para leituras em inglês ou para fazer outras coisas, como agenda eletrônica, planilhas, banco de dados portátil, jogos etc. Todos os iPads do país foram comprados ou trazidos dos Estados Unidos por um preço mínimo de 499 dólares (aproximadamente R$ 883).
Continuando a falar sobre os preços, a versão em 3G vai custar 130 dólares a mais que o modelo simples. Caso chegue ao Brasil, o iPad com conexão 3G e 16Gb de armazenamento (especificação mínima) não irá sair por menos de R$ 2 mil. Levando em consideração também que a Apple vai demorar muito para disponibilizar conteúdos em português do Brasil, pode-se concluir que esta história de livro do futuro não vai pegar por aqui.
Imagine a cena: um trabalhador ou estudante brasileiro lendo um livro pelo iPad dentro de um ônibus ou metrô. Essa pessoa é louca ou anda com guarda-costas. Infelizmente, aqui no Brasil ficamos preocupados em sermos assaltados porque portamos um celular de R$ 100 que cabe no bolso. Então, andar por aí com um aparelho de 24cm que custa R$ 2 mil não é uma boa ideia. Só dá para usar em casa mesmo.
Seria bom daqui, sei lá, uns 15 ou 20 anos termos essa tecnologia difundida no mundo todo. Os estudantes não precisariam carregar quilos de livros nas mochilas, sem contar a grande quantidade de árvores que seriam poupadas. Analisando melhor, o problema não está no fato do iPad não possuir flash ou entrada USB, como andam escrevendo por aí. O problema está na incapacidade de alguns países, como o Brasil, receberem as novas tecnologias.