Igreja x Imprensa

Em 01/03/2008 07h55 Por Marla Rodrigues

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Nos últimos meses, a imprensa – em particular os jornais Folha de São Paulo, Extra, A Tarde e O Globo – vem sofrendo um novo tipo de censura. O que antes era feito com fúria pela ditadura militar, hoje é feito por um grupo de pessoas seguidoras de uma Igreja.

Tudo se deu por conta de reportagens investigativas da autoria de uma repórter da Folha, que denunciava algumas irregularidades fiscais e administrativas em empresas de bispos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Por fim, o estopim se deu quando o jornal O Globo se referiu à instituição como “seita”.

De acordo com o dicionário Michaelis, o conceito de “seita” é:

1 ant Qualquer escola filosófica, cujas doutrinas ou métodos divergiam dos seguidos geralmente. 2 Ramo dissidente de uma igreja estabelecida, e portanto considerado herético. 3 Rel Grupo dentro de uma comunhão religiosa principal, cujos aderentes seguem certos ensinamentos ou práticas especiais. 4 Grupo de pessoas que seguem determinados princípios ou doutrinas, diversas dos geralmente aceitos no respectivo meio. 5 Teoria de algum professor célebre, seguida por muitos prosélitos. 6 pop Bando, facção, partido.

Apesar de não haver significados pejorativos, fiéis da Iurd de todo o Brasil entraram com ações em juizados especiais para receber indenização por danos morais, por terem se sentido vítimas de preconceito religioso. Segundo a imprensa, estas ações (em torno de 50) foram idealizadas por algum líder, pois, apesar de os atos terem sido realizados em diferentes e isolados pontos do País, a redação dos papéis era praticamente a mesma em todas elas.

Quando o processo ocorre em um juizado especial, a presença do réu é indispensável. Neste caso, seria impossível à jornalista da Folha comparecer em todas as audiências que aconteciam no mesmo dia em diferentes cidades brasileiras (em mais de 20 estados), o que tornaria esta ação um ato de má-fé por parte dos fiéis.

Pelo menos duas ações deram parecer favorável à imprensa, por considerar que os fiéis não tinham legitimidade em seus argumentos, pois as reportagens não tratavam de algum membro em específico da Igreja e sim, da instituição em si.

A principal discussão acerca do assunto é em relação à liberdade de imprensa, ameaçada por aqueles que têm algo a esconder. A intenção destas ações na Justiça pode ser a de calar os jornalistas e falir (com despesas judiciais e de transporte) as empresas de comunicação para que reportagens como estas não sejam mais veiculadas.

E você, o que acha? Este tipo de atitude fere a liberdade de expressão e constitui uma espécie de censura contra a mídia? Dê sua opinião!