Facebook, superexposição e outras observações

Em 29/02/2012 14h41 , atualizado em 29/02/2012 14h42 Por Guilherme Barbosa

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Vejam, não estou aqui para fazer o papel de pai, ou coisa parecida. Tampouco é um apelo moralista do estilo “internet é um perigo”. É apenas uma volta para algo que me parece em desuso, chamado privacidade. Para aqueles que não conhecem o termo, privacidade é a habilidade de uma pessoa em controlar a exposição e a disponibilidade de informações acerca de si.

Tudo bem que não existe sentido em ter uma rede social se não puder causar umas invejinhas. Fazer a exibição de como você esteve em inúmeras viagens, ou de como você vai a inúmeras festas, ou ainda de como você conhece inúmeras frases, ênfase em frases, de inúmeros autores e os outros não. Até aí, vai do limite que cada um tem por aceitável. Mas a superexposição desta “geração 140 caracteres”, da qual faço parte, tem chegado a níveis assustadores.

Há certo tempo, uma garota chamada Júlia publicou em seu Facebook algumas fotos em que ela tinha relação sexual com outros garotos. Nada contra o ato em si, mas calma, divulgar essas fotos na internet já não é um ato um tanto quanto imaturo? Fico pensando se ela tem uma noção do poder da velocidade de propagação de informações que a internet hoje apresenta.

Em poucas horas (sim, eu disse horas!), o assunto já era um dos mais comentados no Twitter, que marca em seus Trend Topics as informações mais discutidas por seus usuários ao redor do mundo. Em menos de dois dias ela já havia se tornado um “meme”, ou uma piada muito difundida pela internet, e era tema para a imprensa brasileira.

Com o forte uso das redes sociais, a linha entre público e privado tem se tornado cada vez mais tênue e às vezes, como no caso acima, inexistente. Fora as inúmeras discussões, términos de namoro, brigas e trocas de farpas que acontecem diariamente em frente aos nossos olhos. O picadeiro agora parece não ter tenda.

Coisas que deveriam ser feitas entre quatro paredes, e não me refiro apenas ao caso de Júlia, agora são expostas de forma brutal. Nem todos que te adicionam em suas contas são de fato amigos. Muitas vezes não chegam a ser conhecidos! Se você não respeita a sua intimidade, por que os outros deveriam o fazer?

Este é um efeito tão perceptível que uma nova rede social, chamada Path, está em crescente uso. Nela cada usuário só pode ter, no máximo, 150 amigos. O Path surgiu a partir de uma conclusão de que cada pessoa tem, em média, 5 melhores amigos, 15 bons amigos, 50 amigos próximos e familiares, e 150 amigos no total ao longo da vida. Um número distante dos milhares de amigos que alguns declaram ter em outras redes.

Enfim, divulguem fotos das suas festas, viagens e passeios. Escrevam no Twitter o que der na telha. Tenham blogs, Tumblrs, Flickrs e todos os outros. Mas entendam que algumas coisas podem acabar se tornando um Big Brother em praça pública, e isso pode não ter volta. Ah, e lembrem-se do significado de “privacidade” acima.

Essa é uma opinião de um cara de 20 anos que tem Facebook, mas acredita saber usá-lo, e que ainda não têm detalhes pessoais da sua vida expostos para centenas de pessoas. E você? Qual a sua opinião?

Guilherme Barbosa