O ensino médio em tempo integral será avaliado pelo Ministério da Educação (MEC) ainda este ano. Conforme divulgado pelo ministério, entre outubro e dezembro de 2024 será feita uma pesquisa amostral para avaliar os principais avanços e desafios deste modelo de educação.
Lembrando que o Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) foi iniciado em 2016 pelo governo federal e tem como objetivo apoiar e ampliar a oferta de educação em tempo integral no ensino médio em instituições escolares nos estados e Distrito Federal.
Em julho de 2023, o MEC lançou o Programa Escola em Tempo Integral que pretende atender crianças e jovens, da creche ao ensino médio. Entre as propostas do projeto está o aumento em um milhão de matrículas em tempo integral na educação básica brasileira. Saiba mais nesta matéria.
O estudo que será aplicado pelo governo nos próximos meses pode ser essencial para compreender a realidade e traçar um panorama sobre o ensino médio em tempo integral no Brasil. Pois, a desigualdade social é um fator que atravessa de maneira significativa a realidade educacional brasileira.
Com isso, precisamos entender como esse modelo de tempo integral tem avançado e quais são as lacunas existentes que podem escancarar a ainda falta de investimento na educação e as disparidades sociais nas diferentes regiões.
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Desafios e realidade do ensino médio em tempo integral
O ensino médio em tempo integral tem sido implementado em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. De acordo com o Censo Escolar de 2023, foram registrados 339.773 estudantes matriculados nesse modelo de ensino.
Ao todo, segundo o MEC, são 1.441 escolas participantes em 2024. O investimento público até este ano somou R$ 2,5 bilhões.
Entretanto, quais são os principais resultados adquiridos com este sistema? Quais os desafios existentes para a administração pública, para a população, gestores e profissionais da educação no processo de implementação do ensino médio em tempo integral?
Essas questões podem ser respondidas, que seja de forma parcial, com a divulgação de um estudo que será feito pelo governo neste ano.
Nesse sentido, é importante frisar e enaltecer a necessidade de monitorar e avaliar políticas públicas. Esse processo é crucial para entender a realidade social, os problemas enfrentados, como também um melhor direcionamento de verba pública.
A desigualdade social é um dos fatores que marcam este debate sobre o ensino médio em tempo integral. Isso porque milhares de famílias não possuem condições de manter seus filhos na escola por muitas horas. Fatores como renda, mobilidade urbana, transporte público estão envolvidos nessa discussão. Por isso, é dever do MEC aplicar estudos periódicos para avaliar suas iniciativas.
Em contrapartida, estudos mostram que este modelo integral ajuda na redução de desigualdades educacionais, em especial em estados com o Produto Interno Bruto (PIB) menor, tais como Piauí, Rondônia e Ceará.
Ensino médio em tempo integral será avaliado ainda em 2024
O MEC divulgou essa semana que fará um estudo com gestores, professores e estudantes sobre os principais resultados do ensino médio em tempo integral.
A pesquisa será desenvolvida entre outubro e dezembro de 2024. Serão incluídos neste levantamento o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), como também as secretarias estaduais e distrital de educação.
O que será avaliado?
Entre os tópicos que serão avaliados estão:
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aumento da proporção de estudantes no ensino de tempo integral;
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mudanças no modelo pedagógico;
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aumento da carga horária de matemática e português;
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maior engajamento dos adolescentes com seu projeto de vida e com a escola.
Resultados
Os resultados serão divulgados pelo governo em seminário que acontecerá em dezembro deste ano. O evento contará com a discussão de práticas desenvolvidas por secretarias de educação para fomento dessa modalidade de ensino.
Escolas em tempo integral no ensino médio têm nota maior no Ideb
Escolas que adotam o modelo de tempo integral no ensino médio tiveram uma nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) maior do que as escola em tempo regular, segundo levantamento obtido com exclusividade pelo Brasil Escola em setembro.
A nota das escolas em tempo integral no ensino médio foi de 4,4, enquanto as instituições regulares tiveram um desempenho de 4,1. Além disso, o estudo mostra que estudantes matriculados no modelo integral tiveram notas de Matemática no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) maiores que os demais alunos.
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