Cotas no mundo fashion

Em 18/06/2009 14h32 , atualizado em 18/06/2009 17h27 Por Marla Rodrigues

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Começaram nesta quarta (17) os desfiles da temporada Verão 2009/10 da São Paulo Fashion Week (SPFW), o mais importante evento de moda do país. Até aí, nada de novidade, não fosse um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado há menos de um mês entre o Ministério Público (MP) e a organização do evento.

O TAC prevê que a SPFW tenha, em cada desfile, 10% de modelos negros, afrodescendentes ou indígenas. A medida foi tomada depois que o órgão teve acesso a uma pesquisa feita pelo jornal Folha de São Paulo em janeiro de 2008 que mostrava que dos 344 modelos, apenas oito (2,3% do total) eram negros.

A associação franciscana Educafro quer fiscalizar a SPFW e solicitou à organização do evento dois convites por desfile. Além disso, a mesma associação está promovendo um desfile-manifesto só com modelos negros no Parque Ibirapuera, onde é realizada a SPFW. A passarela será instalada embaixo da marquise do parque, ao lado do Museu de Arte Moderna, o MAM.


Modelos reveladas no SPFW: Indira Carvalho (à esq.), Gracie Carvalho (acima) e Ana Bela (abaixo)

Consequências

Se o Ministério Público observar o não cumprimento do TAC, a organização da SPFW poderá ser multada em R$ 250 mil. (Esta informação foi retificada pela Folha de S. Paulo em 18 de junho. Segundo o jornal, "a multa, de R$ 250 mil, será aplicada apenas se não forem cumpridas as cláusulas do termo assinado com o Ministério Público que determinam que a SPFW deve sugerir às grifes 'a manutenção de um mínimo necessário de 10% de modelos entre negros, ou afrodescendentes, ou indígenas'").

Um relatório deverá ser enviado ao órgão em até 30 dias, contendo o nome de todos os modelos e apontando quais são aqueles que se inserem no critério do termo assinado. No entanto, o MP afirmou que aceitará como justificativa a alegação de que a participação de negros não cabe em alguns temas de desfiles.

Agências de modelos alegam que a ausência de negros em desfiles de moda se deve ao biotipo escolhido pela maioria dos estilistas. Segundo elas, as modelos de perfil “todo magro” são preferidas em relação às negras, que normalmente apresentam mais curvas.

E eu pergunto: desde quando foi ruim ter curvas neste país? Vocês acreditam que a cota para modelos negros em um evento tão grandioso pode modificar para melhor a situação dos afrodescendentes no Brasil? Ou seria uma forma de aumentar o preconceito e a discriminação para com estes? Deixe sua opinião!