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Uma moça branca, brasileira, grávida e advogada bem-sucedida lhe conta uma história de agressão física decorrente de xenofobia na Suíça. Você acredita ou não? É preciso lembrar que nos países europeus mais ricos é muito comum o ataque dos chamados skinheads (tatuados com suásticas e extremamente nacionalistas) a estrangeiros.
A vítima possui todas as características que nos façam acreditar em sua história e a situação a que foi submetida é mais do que comum a estrangeiros por todo o mundo. No entanto, nesta semana, depois de ser desmentida pela polícia suíça, Paula Oliveira, 26 anos, assinou uma confissão de que nunca esteve grávida, nunca foi atacada por ninguém e que seus cortes – onde era possível ler a sigla do partido nacionalista da Suíça – foram feitos por ela mesma. No mínimo, um vexame internacional.
"SVP", sigla do partido União Democrática do Centro, em tradução para o português
A história foi parar nos noticiários brasileiros por meio do pai da vítima, Paulo Oliveira, que foi obrigado a expor sua filha e a suposta violência sofrida por ela porque a polícia suíça não quis prestar informações sobre o caso nem mesmo para a embaixada brasileira em Zurique. Não podemos julgar a reação deste pai que se viu impotente em relação à função de proteger sua filha.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cumpriu seu papel em defender uma brasileira em território estrangeiro e suspeita de forjar um depoimento, induzindo a polícia suíça ao erro. É importante ressaltar que todo cidadão tem como direito a presunção de inocência, ou seja, a pessoa é inocente até que se prove o contrário. E foi exatamente isto o que aconteceu. Neste momento, o Ministério vai ajudar Paula no que for necessário em relação aos procedimentos judiciários do país em que se encontra.
Explicação do comportamento
Por que uma moça branca, brasileira e advogada bem-sucedida inventaria uma história dessas? Não estamos aqui para julgar, apenas apresentamos os fatos! Em reportagem à revista Época, amigos de Paula afirmam que seu comportamento é típico de uma pessoa carente e que gosta de chamar atenção. Na mesma entrevista, os amigos a contestam em duas ocasiões. A primeira é de que Paula teria contado que havia perdido seu marido, de nome François, no acidente aéreo da TAM de 2007. Fazendo uma conferência simples na lista de vítimas, não é possível encontrar nenhum François.
A segunda diz respeito à imagem do ultrassom da suposta gravidez que ela enviou por e-mail a vários colegas da empresa. A tal imagem, registrada como “twins 6 wks” (gêmeos de 6 semanas), pode ser facilmente encontrada no Google Images utilizando-se as mesmas palavras-chave.
Paula Oliveira, em foto que mostra sua aparente gravidez
Paula sofre de lúpus, uma doença rara, mais comum em mulheres do que em homens, que provoca um grave desequilíbrio do sistema imunológico. A doença faz com que a defesa do corpo se volte contra os tecidos do organismo como coração, pulmão e cérebro, o que provocaria distúrbios psicológicos.
O visto da brasileira terminaria no fim do ano e ela poderia ter simulado a gravidez para fazer seu noivo, um economista suíço, casar-se com ela. Casada, Paula conseguiria um visto permanente para entrar e sair do país quando lhe conviesse.
O governo suíço paga indenização a vítimas de agressão motivada por xenofobia e o valor pode aumentar se o caso envolver uma grávida. Estima-se que a indenização fique entre 50 mil e 100 mil francos, ou seja, entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.
Responsabilidade da imprensa
Que a moça tenha lá seus distúrbios psicológicos e ponha-se em situação constrangedora, tudo bem. O que não pode ser aceito é que os meios de comunicação, que deveriam ser completamente imparciais, tomem parte de um ou outro lado da história, mesmo quando ela parece ser tão verdadeira.
A imprensa, dando o veredicto sobre a situação, publicou matérias e manchetes sensacionalistas sem nem ao menos checarem as informações. Se formos pensar assim, então os jornais também deveriam ser presos por nos fazer acreditar nessa história, mas com certeza nada acontecerá.
Fato importante de se destacar é que a assinatura de uma confissão não é prova suficiente para condenar uma pessoa, pelo menos no Brasil. Para que Paula seja julgada culpada, a polícia deve encontrar outras evidências que serão somadas à confissão. Caso essas provas apareçam e Paula seja condenada, a confissão ajuda para que ela tenha sua pena reduzida.
Conclusões
A polícia suíça apreendeu o passaporte de Paula, que não poderá sair do país antes de concluídas as investigações e seu julgamento. Como assinou um documento confessando ter mentido em seu depoimento, Paula poderá ficar presa por até três anos pelo crime de ter induzido a polícia ao erro.
Agora é esperar para ver novamente a reação da imprensa: será que agora ao invés de vê-la certamente como vítima, vai acusá-la culpada antes que seu julgamento vá ao fim?
Veja também:
A responsabilidade da imprensa no caso da menina Isabella
A xenofobia sofrida por brasileiros em aeroporto da Espanha
A vítima possui todas as características que nos façam acreditar em sua história e a situação a que foi submetida é mais do que comum a estrangeiros por todo o mundo. No entanto, nesta semana, depois de ser desmentida pela polícia suíça, Paula Oliveira, 26 anos, assinou uma confissão de que nunca esteve grávida, nunca foi atacada por ninguém e que seus cortes – onde era possível ler a sigla do partido nacionalista da Suíça – foram feitos por ela mesma. No mínimo, um vexame internacional.
"SVP", sigla do partido União Democrática do Centro, em tradução para o português
A história foi parar nos noticiários brasileiros por meio do pai da vítima, Paulo Oliveira, que foi obrigado a expor sua filha e a suposta violência sofrida por ela porque a polícia suíça não quis prestar informações sobre o caso nem mesmo para a embaixada brasileira em Zurique. Não podemos julgar a reação deste pai que se viu impotente em relação à função de proteger sua filha.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cumpriu seu papel em defender uma brasileira em território estrangeiro e suspeita de forjar um depoimento, induzindo a polícia suíça ao erro. É importante ressaltar que todo cidadão tem como direito a presunção de inocência, ou seja, a pessoa é inocente até que se prove o contrário. E foi exatamente isto o que aconteceu. Neste momento, o Ministério vai ajudar Paula no que for necessário em relação aos procedimentos judiciários do país em que se encontra.
Explicação do comportamento
Por que uma moça branca, brasileira e advogada bem-sucedida inventaria uma história dessas? Não estamos aqui para julgar, apenas apresentamos os fatos! Em reportagem à revista Época, amigos de Paula afirmam que seu comportamento é típico de uma pessoa carente e que gosta de chamar atenção. Na mesma entrevista, os amigos a contestam em duas ocasiões. A primeira é de que Paula teria contado que havia perdido seu marido, de nome François, no acidente aéreo da TAM de 2007. Fazendo uma conferência simples na lista de vítimas, não é possível encontrar nenhum François.
A segunda diz respeito à imagem do ultrassom da suposta gravidez que ela enviou por e-mail a vários colegas da empresa. A tal imagem, registrada como “twins 6 wks” (gêmeos de 6 semanas), pode ser facilmente encontrada no Google Images utilizando-se as mesmas palavras-chave.
Paula Oliveira, em foto que mostra sua aparente gravidez
Paula sofre de lúpus, uma doença rara, mais comum em mulheres do que em homens, que provoca um grave desequilíbrio do sistema imunológico. A doença faz com que a defesa do corpo se volte contra os tecidos do organismo como coração, pulmão e cérebro, o que provocaria distúrbios psicológicos.
O visto da brasileira terminaria no fim do ano e ela poderia ter simulado a gravidez para fazer seu noivo, um economista suíço, casar-se com ela. Casada, Paula conseguiria um visto permanente para entrar e sair do país quando lhe conviesse.
O governo suíço paga indenização a vítimas de agressão motivada por xenofobia e o valor pode aumentar se o caso envolver uma grávida. Estima-se que a indenização fique entre 50 mil e 100 mil francos, ou seja, entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.
Responsabilidade da imprensa
Que a moça tenha lá seus distúrbios psicológicos e ponha-se em situação constrangedora, tudo bem. O que não pode ser aceito é que os meios de comunicação, que deveriam ser completamente imparciais, tomem parte de um ou outro lado da história, mesmo quando ela parece ser tão verdadeira.
A imprensa, dando o veredicto sobre a situação, publicou matérias e manchetes sensacionalistas sem nem ao menos checarem as informações. Se formos pensar assim, então os jornais também deveriam ser presos por nos fazer acreditar nessa história, mas com certeza nada acontecerá.
Fato importante de se destacar é que a assinatura de uma confissão não é prova suficiente para condenar uma pessoa, pelo menos no Brasil. Para que Paula seja julgada culpada, a polícia deve encontrar outras evidências que serão somadas à confissão. Caso essas provas apareçam e Paula seja condenada, a confissão ajuda para que ela tenha sua pena reduzida.
Conclusões
A polícia suíça apreendeu o passaporte de Paula, que não poderá sair do país antes de concluídas as investigações e seu julgamento. Como assinou um documento confessando ter mentido em seu depoimento, Paula poderá ficar presa por até três anos pelo crime de ter induzido a polícia ao erro.
Agora é esperar para ver novamente a reação da imprensa: será que agora ao invés de vê-la certamente como vítima, vai acusá-la culpada antes que seu julgamento vá ao fim?
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