A morte do Vestibular

Em 17/04/2008 12h43 , atualizado em 17/04/2008 12h48 Por Camila Mitye

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Calma, calma, não se assuste com o nome do post! É só uma previsão exagerada do que pode vir a acontecer com o modelo atual de vestibular praticado pelas universidades brasileiras. Não tá entendendo nada? Então leia:

O nosso querido Enem – Exame Nacional do Ensino Médio – faz 10 anos esse ano. Quando foi criado, em 1998, ele figurava apenas como uma simples prova de avaliação, um mecanismo do Ministério da Educação (MEC) para ver diferenças entre alunos que terminam o ensino médio em escolas públicas e particulares de diferentes estados.

Desde então, ele derrubou mitos e se fortaleceu, adquirindo outros papéis na vida do estudante brasileiro. O principal mito derrubado pelo Exame foi aquele que dizia que escolas públicas não preparavam alunos para o vestibular como as particulares. O Enem mostrou, por meio das médias das notas dos alunos de cada colégio, que a história não é bem assim.

Vimos escolas públicas nas listas das melhores classificadas e algumas particulares de renome nem aparecer entre as 20 ou 30 primeiras. Além disso, o Enem mostrou que a qualidade do ensino médio do Brasil não está concentrada nas regiões sudeste e sul. Quem melhor mostrou isso foram os alunos do Instituto Dom Barreto, de Teresina, no Piauí, que classificaram o colégio como o melhor colocado no Enem de 2006.

Papel importante

Muito mais do que uma simples prova de conhecimentos, para os estudantes, o Enem passou a funcionar como uma “forcinha” pra entrar na faculdade. Isso porque, segundo dados do MEC, mais de 600 instituições de ensino superior utilizam a nota do aluno no Enem em seus vestibulares, como bônus ou aprovação direta. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), por exemplo, reserva 70% de suas vagas para alunos que fizeram ao menos 70 pontos no Enem (de 0 a 100).

Ah, tem mais: a participação e o bom desempenho no Enem são fundamentais para quem quer disputar uma das bolsas do ProUni. Aliás, foi o Programa Universidade Para Todos que ajudou a popularizar ainda mais o Enem, e torná-lo indispensável para qualquer estudante do ensino médio.

E o futuro?

Um novo papel muito mais importante para o Enem pode vir por aí. O exame pode substituir de vez os vestibulares e se tornar a única prova para o aluno entrar na universidade. Isso facilitaria a vida dos estudantes que têm de se preparar para vestibulares diferentes de várias instituições do Brasil. Se isso acontecer mesmo, o Enem seria utilizado para tentativa de ingresso em todas (isso, TODAS) as faculdades.

Isso tudo porque a prova do Enem é diferente. De certa forma, ela avalia toda a vida escolar do aluno, além de estimulá-lo a pensar ao invés de decorar. É uma prova totalmente interdisciplinar, que mistura conteúdos de várias disciplinas em uma mesma questão, repleta de ilustrações e textos para interpretação. A Redação representa 50% da nota da prova e exige do aluno boa argumentação.

Em outras palavras, a adoção do Enem como processo seletivo das universidades brasileiras forçaria o fim da memorização estimulada e ensaiada em cursinhos e escolas pelo Brasil como treinamento para o vestibular. Para a prova do Enem, o aluno tem de utilizar mais a percepção, a criatividade e o raciocínio do que a pura repetição de conteúdos mastigados.

Mas, até que isso se torne realidade, ainda há muito que se resolver e modificar. Um detalhe importante é a confiança das universidades no exame. Para adotar o Enem em seus processos seletivos, elas precisam ter a certeza de que a prova não será modificada a cada novo governo ou mudança no Ministério da Educação.

Morte do Vestibular?

É claro que extinguir o vestibular não é tão simples assim. Muitos sonham em adotar no Brasil o mesmo modelo de admissão utilizado nas univerdades nos Estados Unidos, onde o aluno faz um exame nacional semelhante ao Enem, enviam cartas de recomendação às instituições e uma redação mostrando sua percepção sobre sua vida e a carreira e, em algumas delas, fazem exames simples, com disciplinas específicas. Tudo isso junto indica se ele é ou não capaz de entrar pra faculdade.

Mas a grande “indústria do vestibular” que toma conta do país não deixaria o modelo ser derrubado assim tão facilmente. São muitos lucrando com cursinhos, preparatórios, apostilas, além das próprias universidades, com as taxas de inscrição.

Finalmente, muitos acreditam que esta seria a forma mais justa de selecionar alunos para as universidades, principalmente devido ao respeito que a prova do Enem adquiriu atualmente. Seria a adaptação dos concursos de ingresso à vida acadêmica à nova realidade do mundo: que exige mais do aluno que utilize os seus conhecimentos de forma mais criativa e menos memorizada.

E aí?

E você, o que acha da possível transformação do Enem em instrumento de seleção para as universidades? Concorda ou discorda? Você acha que a prova não é boa o suficiente para selecionar alunos capazes de entrar pras universidades? Ou concorda com os que acham a forma mais justa?

Não deixe de opinar!

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14/04: Inep divulga todas as informações sobre o próximo Enem.