A Copa fora dos campos

Em 22/07/2010 18h15 , atualizado em 22/07/2010 18h21 Por Adriano Lesme

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A Copa da África do Sul acabou e agora os olhos do mundo voltam-se para o Brasil. Como tudo mundo já sabe, o Mundial de Futebol de 2014 será aqui na nossa terrinha, assim como as Olimpíadas de 2016. Em meio à honra de sediar os dois eventos mais importantes do planeta, ficam as dúvidas em relação à nossa competência. Quer dizer, nossa não, dos nossos governantes.

Para não ficar nas entrelinhas, já quero dizer que sou contra a Copa ser realizada no Brasil. Há gente que defende com unhas e dentes, e eu respeito, desde que apresentem argumentos fundamentados. Primeiro, não apoio o evento porque entendo que o governo tem mais coisas para se preocupar. Segundo, porque o Pan do Rio de Janeiro mostrou que as melhorias para a cidade só ficaram na promessa. Em terceiro, e não menos importante, não confio em quem dirige o futebol brasileiro.

Estádios

Nesta semana saiu o calendário do campeonato sul-africano de futebol. Entre os 10 estádios usados na Copa de 2010, apenas três serão utilizados no campeonato. Os demais vão se tornar os chamados “elefantes brancos”, ou seja, grandes obras que gastaram rios de dinheiro público e agora estão sem utilidade.

O fato relatado acima pode vir a acontecer no Brasil. Com todo respeito aos Estados do Amazonas e Mato Grosso e à cidade de Brasília, mas o futebol não é forte nestes locais e nem será com a construção destes estádios. Os três times de Recife têm arenas próprias, assim mesmo outra está sendo construída. Caso igual acontece em Natal. Falando na capital potiguar, empresas estavam sendo contratadas sem processo de licitação!

Segundo divulgou uma reportagem da Folha de São Paulo, o estádio mais caro para a Copa de 2014 será o Mané Garrinha, em Brasília (alguma surpresa?!). Serão investidos R$ 696 milhões para uma arena com 70 mil lugares, o que torna a capital apta a receber o jogo de abertura. Qualquer um que entende de futebol sabe que o Gama e o Brasiliense, principais equipes do Distrito Federal, não levam nem 20% disto ao estádio. Então qual a necessidade de gastar tanto dinheiro público? Isto irei deixar nas entrelinhas!


Projeto do estádio Mané Garrinha, em Brasília

CBF

Dias atrás estava assistindo um programa cujo entrevistado era o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira. Foi perguntado a ele como funcionava a reunião para decidir o novo técnico da seleção. Simplesmente foi respondido que ele decidia sozinho. Não há vice-presidente, não há diretores, nada! A CBF funciona em regime de ditadura, em que o imperador vai completar, em 2014, 25 anos no poder, e pasmem: pode vir a se tornar presidente da FIFA.

O Estado de São Paulo vem sofrendo com a ira da CBF, que excluiu o estádio do Morumbi da Copa, por motivos até hoje estranhos. Comentaristas esportivos dizem que é uma retaliação ao São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, por ser contra a CBF, leia-se Ricardo Teixeira, em algumas oportunidades. Governador e prefeito de São Paulo defendem o Morumbi, já a CBF quer um estádio novo construído com dinheiro público. Estranho, não?

Fiscalização

Esta notícia é fresquinha. O Tribunal de Contas da União (TCU), que havia se comprometido a fiscalizar as obras para a Copa, até a data de hoje (22 de julho) não publicou quaisquer informações sobre 85 das 93 obras previstas para o evento. Com este tanto de dinheiro público envolvido, será difícil acreditar em uma Copa limpa.

Agora, gostaria de saber de vocês suas opiniões sobre a Copa de 2014. O evento certamente será cobrado nos vestibulares dos próximos anos, e ter uma opinião, seja contra ou a favor, é fundamental para o bom desempenho nas provas discursivas.