Disparando a paz - Banco de redações

     Nos primórdios da sociedade humana e na formação das várias sociedades posteriores, a arma foi considerada um instrumento de uso restrito à defesa pessoal. No prolongamento da linha do tempo do desenvolvimento social, o que se nota é que o armamento deixou de constituir uma defesa e passou a ser um ataque mortal. Como destacava Thomas Hobbes, o homem é lobo de sua própria espécie e, basicamente, os instrumentos de ataque(,) seja uma arma branca ou não, tornaram-se uma ferramenta básica de concretização do pensamento de Hobbes. O violento instinto humano deve ser descarregado antes que a esperança de um mundo sem violência seja morta.

     Infelizmente, casos de ataques à mão armada não são exemplos apenas em outros países, pois a imagem do Brasil já foi manchada de sangue em várias cenas violentas. A começar pelo caso “Lindemberg Alves”: no ano de 2008, o jovem Lindemberg mata a namorada, ou seja, um típico e rotineiro caso no país de violência passional. Em 2011, o caso “Realengo”: um homem armado ataca uma escola primária no Rio matando algumas pessoas e deixando várias feridas. O fator constante que une esses dois casos é que a violência poderia ter sido coibida caso a liberdade de compra e circulação de armas no país tupiniquim fosse melhor vigiada.

     Em termos, essa relativa “liberdade” na aquisição de armas existe em solo verde e amarelo por conta da fraqueza do atual sistema controlador do porte. Segundo infográfico publicado no site UOL, na Alemanha, uma arma pode ser utilizada apenas seguindo critérios rigorosos como tendo autorização específica, ter acima de 21 anos e reativar a licença anualmente. No Brasil a lei até existe, mas seu cumprimento é escasso. Para tanto(,) o investimento em um sistema de verificação on-line seria uma vantagem no que diz respeito à manutenção de armas. Assim, o portador recebe(,) além de uma correspondência física, um correio eletrônico para que compareça a um local de avaliação do registro de sua arma.

     Portanto, esse modo de vigilância é uma forma de evitar que armas sejam manipuladas por mãos de má índole, pois exige, anualmente, que o portador comprove a necessidade do porte e uso de um objeto letal. A vida das crianças de Realengo e da namorada de Lindemberg não voltará, mas com o compromisso sério do desarmamento começaremos a disparar na sociedade um comportamento um pouco menos selvagem daquele visto por Hobbes.