É preciso ir às raízes - Banco de redações

O ministro da saúde Marcelo Castro, causou polêmica nas redes sociais após declarar que o Brasil tinha perdido a batalha contra o Aedes, porém essa declaração não deixa de ser verídica, (.) o país vem enfrentando epidemias de dengue e zika, inclusive com inúmeros casos de microcefalia nos estados do nordeste sendo associados ao zika vírus. Segundo especialistas na área, uma vacina eficaz contra o zika levaria cerca de três anos para ficar pronta, assim(,) enquanto não há outra maneira de enfrentar o vírus, as pessoas mais pobres e que vivem em áreas com más condições de saneamento básico e coleta de lixo são as mais atingidas, o que demonstra o descaso do poder público e é parte integrante do modelo de sociedade e urbanização que se desenvolveu nas grandes metrópoles.

O Aedes é um mosquito que se adapta bem ao meio urbano. Como a urbanização do país ocorreu há cerca de cinquenta anos de uma forma rápida e sem planejamento, criando conglomerados de pessoas vivendo em péssimas condições, as metrópoles acabam sendo meios propícios para a ocupação e proliferação do mosquito, (.) dessa forma(,) as ações de combates das prefeituras são rasas, superficiais e não atingem a maioria das residências, sendo que muitos dos focos estão nas periferias, onde muitas vezes os moradores(,) por enfrentarem longas jornadas de trabalho, e horas de viagem nos transportes públicos, não têm tempo para se dedicar a à eliminação de possíveis criadouros.

Nas grandes cidades e regiões metropolitanas é muito comum ver córregos a céu aberto, lixo espalhado em todos os cantos, entulhos e lajes sem telhados nas residências, e todos esses exemplos são focos propícios para o desenvolvimento do mosquito. Mas isso não significa que a culpa é dos moradores, a questão é muito mais ampla e tem grande parcela de culpa do poder público, que desde as migrações em massa para as cidades nunca se atentou para isso, e também não foram criados qualquer tipo de auxílio ou projetos de moradias adequadas coletivas em massa. Os surtos de dengue que vêm crescendo nos últimos trinta anos, são fruto também de uma sociedade que nunca pensou em garantir saneamento básico, ou condições de moradia digna para todos.

Por isso, além de pensar em combater o mosquito e as doenças que são causadas por ele, é preciso analisar essa questão de uma forma mais radical, olhando a raiz e não apenas para os frutos momentâneos. Sem uma real preocupação do poder público em mudar a estrutura das grandes metrópoles, e garantir direitos básicos de moradia, saúde e vida para todos para todos, as cidades continuarão sendo vítimas das epidemias.