Paradigma do carro - Banco de redações

    No Brasil, a Política Nacional de Mobilidade Urbana ressalta os seguintes princípios: eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano e na circulação urbana. Contudo, o que se pode notar atualmente no Brasil é o grande aumento da frota de carros – segundo estudos realizados pelo Denatran e IBGE, existe um automóvel a cada 4,4 habitantes -, ou seja, mesmo a Política Nacional estando em vigor, ela não supre as necessidades dos brasileiros, o que tem como consequência a piora significativa na mobilidade urbana, principalmente, nas metrópoles.

     No entanto, não se pode levar em consideração apenas a falta de auxílio provocado pela Política Nacional a fim de justificar o imenso desafio de melhorar a locomoção no perímetro urbano, pois a dificuldade está também em romper com o paradigma de que o único transporte eficaz no país é o carro – essa ideia surgiu com a política rodoviarista, a qual incentivou a compra dos automóveis para uma maior integração populacional.

    Esse desleixo social e governamental provoca graves consequências, como poluição sonora, visual e atmosférica, sendo que, em São Paulo, aumenta-se em média 5% a emissão anual de poluentes. Além dos impactos ambientais, ocorrem os sociais: perda de tempo (30 minutos é o tempo médio gasto) e de dinheiro (segundo a Federação das Indústrias, 42 bilhões de reais por ano são gastos), e problemas de saúde aos motoristas.

      Portanto, o montante de malefícios causados pode ser apenas sanado, caso, primeiramente, o governo invista no transporte público, através da criação de mais vias para ônibus e para bicicletas, expansão da malha metroviária e distribuição em alguns pontos da cidade de pedágios urbanos, o que ajudaria na redução de 15% do tempo da viagem. Outras medidas que já são tomadas, mas não recebem o merecido incentivo, são o rodízio de carros e o aluguel de bicicletas. Por fim, cabe à sociedade tomar consciência de que possui direito ao transporte público de qualidade e que deve cobrar do governo melhorias. Tudo isso ajudaria a acabar com o paradigma do carro.