Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco foi um dos principais representantes do Romantismo em Portugal. Entre suas principais obras, estão as novelas Amor de Perdição e Amor de Salvação.

Por Marina Cabral da Silva
Representante do Romantismo, Camilo Castelo Branco foi um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa

Camilo Castelo Branco foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Filho de uma pequena família burguesa, nasceu em Lisboa no dia 16 de março de 1825. Representante do segundo momento do Romantismo português, Camilo Castelo Branco figura entre os mais importantes escritores da literatura portuguesa.

A vida atribulada serviu de mote para sua obra, que conquistou o público e permitiu que Camilo Castelo Branco vivesse exclusivamente do trabalho de escritor, sendo conhecido como o primeiro da língua portuguesa a dedicar-se apenas ao ofício literário. Embora escrevesse para o público e, por vezes, refém de modismos e interferências, conseguiu imprimir certa originalidade em sua escrita. A instabilidade psicológica e a volubilidade sentimental, principais características de sua personalidade, foram responsáveis pela formação de seu mundo ficcional.

A obra de Camilo Castelo Branco é predominantemente romântica e comumente associada à segunda fase do romantismo em Portugal, embora o escritor não aceitasse a filiação a qualquer escola literária por acreditar estar acima delas. Foi fortemente influenciado pelo estilo de Almeida Garrett, grande entusiasta do teatro português e uma das maiores figuras do romantismo, além de ter sido leitor de Ann Radcliffe, escritora inglesa pioneira do romance gótico, daí o gosto por temas soturnos e fúnebres. A linguagem fácil e a fidelidade aos costumes populares estão entre suas maiores qualidades: foi hábil narrador de histórias românticas ou romanescas, aliando as peripécias quase rocambolescas de suas novelas a explicações psicológicas, sempre contido pela tradição literária e pelos cânones clássicos.

A Decadência do Coração nos Tempos Modernos

Nestes ruins tempos de material e nauseante industrialismo, a fase do coração é curta, o amor vem temporão, e como que apodrece antes de sazonado. De toda a parte, aos ouvidos do mancebo vem a soada do martelar da indústria. A sociedade, aparelhada em oficina, não dá por ele, se o não vê a labutar e mourejar no veio da riqueza. Títulos, glória, homenagens, regalos, as feições todas da festejada máscara, com que por aqui nos andamos entrudando uns aos outros, só pode ser afivelada com broches de ouro. Dislates do amor empecem o ir direito ao fim. O coração é víscera que derranca o sangue, se com as muitas vertigens o vascoleja demais. Faz-se mister abafar-lhe as válvulas e exercitar o cérebro, onde demora a bossa do cálculo, da empresa, da sordícia gananciosa, e outras muitas bossas filiadas ao estômago, o qual é, sem debate, a víscera por excelência, o luzeiro perene entre as trevas que ofuscam as almas.

Camilo Castelo Branco, in 'Doze Casamentos Felizes' (1861).


As novelas Amor de Perdição, Amor de Salvação e Eusébio Macário estão entre as principais obras de Camilo Castelo Branco *

Entre suas principais obras, estão as novelas românticas Amor de perdição (1962), Amor de salvação (1964), e as novelas realistas/naturalistas Eusébio Macário (1879) e A Brasileira de Prazins (1882). Sua produção literária apresenta temas recorrentes, entre eles a bastardia, a orfandade, os direitos do coração por oposição às convenções sociais, as relações familiares, o sentido metafísico de raiz cristã e o anticlericalismo. Depois de uma vida tumultuada que serviu de inspiração para sua prosa e atormentado pela doença e pela cegueira, Camilo Castelo Branco cometeu suicídio aos 65 anos de idade, em Vila Nova de Famalicão, São Miguel de Seide, em 01 de junho de 1890.

*A imagem que ilustra o miolo do artigo foi feita a partir das capas dos seguintes livros:

Amor de Perdição e Eusébio Macário, ambos publicados pela Porto Editora;
Amor de Salvação, publicado pela Editora Montecristo.


Por Luana Castro
Graduada em Letras