O Brasil que não lê
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Dizer que o hábito da leitura é essencial para o aprendizado parece redundante. Ainda mais para você vestibulando, que além das leituras obrigatórias para a prova de literatura, deve ficar atento sempre aos fatos atuais. Passou a vida toda ouvindo dos professores que ler é sinônimo de conhecimento, sabedoria, cultura e bom português.
Mas um relatório mais detalhado da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2002 e 2003, revela que o brasileiro gasta muito mais com aparelhos eletrônicos, como computadores e celulares, do que com jornais e livros não didáticos, bem menos neste último caso. Conclusão: ler ainda não é o forte do brasileiro.
O estudo foi divulgado durante a 19ª Convenção Nacional da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e foi encomendado por entidades ligadas ao mercado editorial do país. Quando da realização da pesquisa, o salário mínimo era de R$ 200. Apesar de antigos, o cruzamento dos indicadores nos faz perceber esta realidade. Enquanto uma família gasta R$ 400 com televisões e computadores por ano, apenas R$ 110 são destinados a materiais de leitura, e somente R$ 11 a livros não didáticos, como de ficção, romances, ou até aqueles indicados para o vestibular.
Os dados mostram também que a renda familiar está intimamente ligada ao índice de leitura. Quanto maior o ganho, maior o gasto com materiais para leitura. “Mas isso não quer dizer que quem ganha mais ou estudou mais lê mais livros, o consumo quase sempre se refere a livros didáticos, revistas e jornais, e não a literatura”, disse no evento o pesquisador do IBGE, Kaizô Iwakami Beltrão.
Os pesquisadores ressaltam: é preciso entender que a leitura não deve ser rotina apenas de quem estuda, como se fosse parte das obrigações escolares. Ela deve ser um gosto, não apenas para se manter informado, mas também como lazer. Durante o evento, o presidente da Câmara Riograndense do Livro conseguiu sintetizar o que deve ser feito para incitar a leitura desde a infância: “Está comprovado, por diversos estudos, que é a mãe quem primeiro incentiva a leitura. É a cultura de ler, contar histórias para o filho, antes mesmo de ele ser alfabetizado. Isto é marcante no gosto futuro pela leitura”. E é o que levará a um estudante e adulto com leitura assídua.
O incentivo à leitura deve partir dos pais
A psicopedagoga do Brasil Escola, Jussara de Barros, dá a dica: é importante que a criança tenha contato com livros, desde a primeira infância, podendo manuseá-los de forma interativa, completando as gravuras e os textos de sua maneira. Muitas vezes os pais proíbem os filhos de rabiscarem os livros, às vezes até agredindo-os com palavras ou fisicamente. Como a criança vai criar um vínculo positivo com os mesmos se não tem prazer nesse importante momento? É brincando e interagindo que ela criará gosto pelo material, buscando no mesmo uma forma de prazer.
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