Educação em greve: o outro lado da moeda

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O inciso VII, do art. 37 da Constituição Federal, assegura o direito de greve aos servidores públicos, desde que seja exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Este é apenas um dos vários argumentos que vem sendo utilizados pelas universidades e escolas da rede estadual de ensino, há mais de 90 dias, para defender a legalidade do movimento paredista.

Não resta dúvida de que a educação interfere diretamente na formação humana e na construção do sujeito e, por isso, nada mais justo do que profissionais valorizados e recursos financeiros suficientes para investimento em programas da área. O problema é que na prática, tudo é bem diferente e para transformar o sonho em realidade, nada melhor que ações de força e resistência, como a greve, para reivindicação da garantia desses direitos.

A questão é que mesmo legal (leia-se lícito), o movimento acaba desconsiderando outros aspectos que também são de direito fundamental e de cunho social, como a situação dos estudantes. Legal é ir para a escola e faculdade, não ficar em casa ocioso sem saber quando voltam às aulas. Bom é se preparar para o vestibular, formatura ou para o mercado de trabalho, não ficar angustiado com a indefinição sobre quando o ano letivo vai terminar. Melhor ainda é traçar um objetivo, como passar em uma pós–graduação ou fazer um intercâmbio, não ficar na dúvida se conseguirá alcançá-lo.

Garantir a realização dos processos seletivos não muda muita coisa, afinal, jovens que cursam o ensino médio, principalmente o terceiro ano, também estão vivenciando essa situação de questionamento, dúvida e insegurança. Se o conteúdo está atrasado e o calendário de aulas pode ser estendido até 2013, como ficará o próximo período letivo? E a situação dos que estão sendo penalizados com a greve da rede estadual de ensino? Como vão se preparar para o Enem e Vestibular?

É importante ressaltar que a reflexão aqui levantada não se refere à decisão dos professores em deflagrar greve. A qualificação é merecida, a valorização é essencial, a luta é válida e nada mais efetivo do que o movimento paredista. Entretanto, quem pensa nos estudantes, os maiores prejudicados de toda essa problemática?

Matrículas suspensas, salas vazias, desconhecimento sobre os resultados das avaliações não afetam somente os planos acadêmicos, mas também o futuro profissional desses jovens. Mais do que legalidade e merecimento, o interesse público também precisa ser colocado em pauta. A questão é que os estudantes estão no meio desta luta entre governo e servidores, desestimulados e de mãos atadas. A pergunta que fica é: até quando?