Boas-Vindas?
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Um tema recorrente pelo país todo início de ano são os trotes aplicados aos aprovados nos Vestibulares. Para muitos estudantes eles são temidos, para outros são esperados como forma de aliviar a tensão vivida antes das provas.
Mas foi-se o tempo em que a maneira de dar boas-vindas aos calouros resumia-se a jogar ovos, farinha, pó de café, tinta e raspar o cabelo dos homens. Cada ano que passa surgem notícias de recepções violentas e ofensivas.
O trote polêmico deste ano, até agora, foi o sofrido pelas calouras da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília (UnB). Elas tiveram que, ajoelhadas, lamber linguiça com leite condensado, que segundo os veteranos do curso é uma brincadeira comum e antiga. Tal fato levou a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República a pedir explicações à UnB, que declarou ser contra tal tipo de recepção e enfatizar campanhas para trotes pacíficos.
Em julho do ano passado, os veteranos desse mesmo curso da UnB também se envolveram em polêmica quando os trotes aplicados foram andar em fila de elefantinho e procurar objetos em poça de lama e lixo. No começo do ano, uma recepção que chocou o país foi realizada por alunos do curso de medicina de uma faculdade particular de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
Eles alugaram uma chácara onde humilharam livremente seus calouros, jogando neles latinha de bebida, cuspindo, em muitos momentos os obrigando a ficar com fígado de boi podre na cabeça entre outras coisas. A ‘brincadeira’ só terminou depois que o caseiro do local chamou a polícia, já no final da tarde.
Após a repercussão do caso deste ano, alguns veteranos da UnB foram recepcionar os aprovados no Programa de Avaliação Seriada (PAS) com cartazes contra trotes humilhantes. Mostrando que nem tudo está perdido e que não são todos os cursos que são favoráveis a tradições que devem ser extintas.
A maioria das universidades declara ser contra recepções violentas e algumas delas promovem os chamados trotes solidários que, entre outras ações, promovem doação de sangue e medula, o plantio de árvores e recolhimento de roupas e alimentos para doações. Há ainda as recepções divertidas e inovadoras como a da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, que este ano acolheu os novatos gincanas como futebol de sabão, touro mecânico, quem come mais pizza, além de apresentações de cômicas.
Assim, é perceptível que as alternativas para não se extinguir os trotes existem, é só uma questão de adaptação e (re) conscientização das pessoas. Após entrar em uma universidade esperam-se boas atitudes e exemplos dos estudantes, que estão a um passo da ‘vida adulta’ e já devem ser mais críticos ou, no mínimo, mais sensatos com suas atitudes. E você, o que pensa sobre os trotes?