A onda das pulseiras coloridas
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Quanto mais pulseiras, mais popular a pessoa se torna no grupo. O material colorido de plástico, visto entre as crianças e adolescentes como brinquedos ou mero acessório da moda, tem gerado polêmica nas escolas. O uso do bracelete está proibido a partir desta quinta-feira, 15, nas escolas municipais do Rio de Janeiro. A norma faz parte do Regimento Escolar, uma resolução da Secretaria de Educação que será publicada no Diário Oficial. Mas o que há por trás da suspensão?
Os adereços coloridos fazem parte de um jogo denominado SNAP que começou na Inglaterra e chegou ao Brasil pela internet, ganhando o braço dos jovens e as páginas dos jornais. Nele, a pessoa que tem sua pulseira arrebentada precisa cumprir a tarefa da cor correspondente. A brincadeira pode ir de um simples abraço à relação sexual de fato. A pergunta que não quer calar é: os pequenos dão mesmo este significado ao uso das pulseiras?
A maioria não sabia da conotação e passaram a conhecê-la após a divulgação pela imprensa. Mas, como já haviam aderido à moda, muitos continuam usando o adereço normalmente para se integrar a turma. Há quem aposte que os adornos legitimam os atos sexuais praticados cada vez mais cedo pelos adolescentes, são apenas mais uma forma “divertida” que os jovens encontraram para esfriar os hormônios. O problema é a ignorância que se criou em torno das pulseiras, levando parte das pessoas a acreditar que quem usa os adereços quer ou faz parte deste joguinho besta.
A conotação rendeu a proposta de um projeto de lei na Paraíba que pretende proibir a comercialização e uso das pulseiras de silicone coloridas para menores de 18 anos. O deputado Nivaldo Manoel (PMDB), autor do projeto, também deseja proibir o uso das pulseiras nas escolas públicas e privadas. O descumprimento acarretaria em advertência no primeiro momento, multa em caso de reincidência e cassação da Inscrição Estadual em caso de persistência da conduta. O Ministério Público, por meio das promotorias da Infância e da Juventude e da Educação, recomendou na semana passada a proibição do uso das pulseiras em todos os estabelecimentos de ensino.
A onda de proibições é fruto do registro de casos de violência no país e até um estupro na região Sul. Em Londrina, uma menina foi abusada por quatro adolescentes após ter a sua pulseira preta rompida, dando o “direito” ao rapaz de cobrar a prenda sexual. A repercussão do crime levou a justiça londrina a proibir a venda e o uso dos braceletes. A vizinha Maringá também optou pela proibição. Lá, a medida atinge 43 escolas da rede municipal de ensino.
Já na cidade de Navegantes (95 km de Florianópolis), o uso da pulseira influenciou na criação de uma lei específica sobre o assunto, ela proíbe o uso da pulseira nas 47 escolas da rede. Em Manaus, a Secretaria Municipal de Educação decidiu o veto dos adereços de plástico nas 450 instituições de ensino após a morte de duas jovens que usavam o produto. A venda de pulseiras do sexo praticamente parou na Rua 25 de Março, principal ponto de comércio popular do centro de São Paulo. A Câmara Municipal do município e a Assembleia Legislativa também passaram a discutir a proibição do uso dos acessórios em escolas municipais e estaduais.
Mais importante do que proibir é discutir a sexualidade e essa tarefa cabe à família, escola, grupos de jovens e mídia. Não é por causa do acessório que os jovens vão praticar o sexo, eles são hiperestimulados pelas publicidades e pelos comportamentos dos adultos a todo instante. E você vestibulando, acredita que as pulseiras coloridas de silicone são usadas como código sexual entre os adolescentes? Será que todos as utilizam visando participar dessa "brincadeira" sexual? Como os pais devem averiguar se os filhos têm noção desse simbolismo? Não deixe de opinar!