Historiador

Por Marla Rodrigues

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O historiador, talvez bem mais que outros profissionais, tem a sua vida cercada por uma série de clichês que estão bem distantes daquilo que a formação e a atuação de um historiador possa oferecer. Contudo, nem todo o senso comum pode ser sumariamente descartado, pois existe um pouco de verdade neles também. Acredito que o mais correto e interessante está relacionado àquela chatice que todo pretenso historiador tem de questionar as coisas, alongar os assuntos. Sem espírito crítico, a sua relação com o passado pode ir para o brejo!

Ao pisar na faculdade, assim como todo o estudante universitário, a empolgação com a nova turma, os tipos incomuns que circulam nos corredores das faculdades de Ciências Humanas e as festinhas chamam bastante atenção. Entretanto, o estudante de História vai ter que se acostumar com uma rotina de leituras que só “piora” com o passar do tempo. Entre as matérias estudadas você deve dar atenção especial à Teoria da História, pois é ali que a sua atuação como intelectual e professor são alvo de reflexões valiosíssimas.

Aproveitando a deixa do professor e do intelectual, não posso deixar de falar sobre o grande dilema entre esses dois campos de atuação. O estudante-intelectual, naturalmente estará mais ligado à vida acadêmica, à participação em simpósios, à produção de pôsteres e artigos. Por outro lado, aqueles que têm uma inclinação maior para a sala de aula devem (atenção... eu disse DEVEM!) valorizar ao máximo as leituras sobre prática e didática de ensino em História. Caso contrário, vamos ficar por muito tempo ouvindo os alunos dizendo que História é coisa de museu!

Apesar da distinção acima, não acredito que uma coisa deva necessariamente excluir a outra. Por isso, recomendo que desde o início da graduação o estudante de História tente conciliar ou, pelo menos, se permita experimentar essas duas facetas desse curso tão interessante. Se você ainda não entendeu o que eu estou falando, busque informações sobre os melhores professores de História de sua cidade... Logo você verá que uma boa parte deles fez ou está fazendo uma pós-graduação! Nunca se esqueça que o bom historiador detém um conjunto de saberes que se forma somente com o tempo.

Após sobreviver a uma infinidade de leituras, debates, projetos, monitorias e provas, o mercado de trabalho vai se transformando em uma realidade cada vez mais próxima. Nessa hora, o tal “networking” pregado pelos consultores de carreira profissional tem a sua valia. As boas impressões que você deixou podem abrir oportunidade para a obtenção de uma vaga que, em outras circunstâncias, seria impossível. Ah! Manter contato com os seus antigos professores de história também vale, ok?! Eles podem ser uma importante via de inserção em algumas instituições de ensino.

Lembra daquela pós-graduação que eu tinha falado? Você deve fazer ela o quanto antes. Com o passar do tempo, a carga de trabalho e aumento das suas obrigações financeiras e familiares podem ser uma pedra no sapato para que você faça uma especialização ou um mestrado. Caso você fique reticente ou já tenha passado em algum concurso público na área de educação, faça pelo menos uma pós-graduação Lato Sensu em História Cultural ou alguma outra que seja proveitosa para o seu trabalho em sala de aula.

Para os que estão mais decididos em se transformar no Homo academicus descrito por Pierre Bourdieu (calma... até o fim do curso você saca essa piadinha!) ficam alguns conselhos. O primeiro de todos é que o exercício da pesquisa exige uma humildade que ainda se mostra rara no corredor de algumas faculdades. Além disso, não vá pensando que emendar o mestrado com o doutorado é garantia certa de que você irá ingressar em alguma instituição de ensino e/ou pesquisa. As oportunidades aparecem paulatinamente e muitas delas podem se ampliar ou restringir com o tipo de linha de pesquisa que você decidiu escolher. Como vocês podem ver, nem tudo são flores... Seja lá qual for o caminho que você for trilhar nessa “loucura”.

E com relação ao conforto financeiro? Essa é uma coisa bem complicada se você levar em conta o valor que a educação tem em nosso país. Além disso, nem sei precisar qual seria a necessidade monetária de cada um que lê esse texto. Por isso, acredito que o aprimoramento e a seriedade são ingredientes fundamentais para que o saber histórico venha a suprir suas necessidades básicas. Para os mais desiludidos com essa batalha, fica o consolo de que a sabedoria acumulada nesses quatro anos de curso serão um diferencial inestimável para qualquer outra coisa que você for fazer na vida.

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