Já no século XIX, Émile Durkheim destacava a importância da escola à formação de profissionais qualificados ao mercado e à construção de valores morais necessários à convivência social. O enorme déficit de engenheiros formados no país e a ascensão da violência exemplificam, entretanto, o insucesso de suas instituições de ensino em cumprir qualquer uma de tais tarefas. Medidas drásticas no combate a esse problema fazem-se, assim, as únicas esperanças de se içar o Brasil do abismo intelectual em que se encontra.
As maiores causas desse desastre, apontadas pelo Banco Mundial, não são surpreendentes: Professores desqualificados, despreocupação com a educação infantil e secundária e má aplicação das verbas oficiais. Somam-se a isso péssimas condições de trabalho e remuneração ao corpo docente, uma vez que dados do Programa Nacional para o Desenvolvimento demonstram ser o salário médio de um professor da rede pública cerca de 40% menor que o de um profissional de outra área igualmente qualificado, o que deve esclarecer a permanência de uma realidade de desgosto pelos estudos, analfabetismo sintático e evasão escolar.
Contudo, mais preocupantes são as alternativas simplistas de resolução do problema apresentadas pelo governo, como aumento de cotas nas universidades e distribuição de “tablets” para professores. Discussões sobre os salários vergonhosos desses últimos e sobre o desgaste das estruturas físicas escolares são deixadas em segundo plano, por serem mais onerosas ao Estado e atraírem menos atenção pública. As preocupações eleitorais com número de anos de escolaridade mais que com sua qualidade guiam também, por exemplo, a turmas [as turmas] de ensino médio incapazes sequer de ler e escrever com fluência.
Deve, portanto, haver busca por maiores investimentos no setor, porém dinheiro não basta enquanto administração eficiente e pensamento de longo prazo não se sobrepuserem às camuflagens para agradar à opinião pública. Projetos de valorização do professor e do aluno são urgentes para que o cotidiano escolar deixe de ser visto como um suplício, cujo melhor aspecto seja a gratuidade da merenda, porém isso não se conquista com exibicionismo político ou medidas simplórias.
Comentários do corretor
Seu texto foi bem escrito e realizou boas considerações sobre a problemática imposta pelo tema proposto. Para chegar à excelência, extrapole o recorte temático.
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Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 1.5 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 1.5 |
NOTA FINAL: | 8.5 |
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