Farmacêutico

Larissa Ferreira de Souza é farmacêutica da Oncoclínica, no Rio de Janeiro.
Por Brasil Escola

Larissa Ferreira de Souza é farmacêutica
Larissa Ferreira de Souza é farmacêutica
Crédito da Imagem: RPM Comunicação
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Tenho bastante orgulho da profissão que escolhi. Quando entrei na faculdade de Farmácia, não tinha a visão de que o curso me permitiria tantas possibilidades de atuação. Ao iniciar o estágio, me apaixonei logo pela Farmácia Hospitalar, que foi meu primeiro emprego. Atualmente, estou em uma clínica de oncologia, na área de Farmácia Clínica

É gratificante ter o retorno e reconhecimento de seu trabalho por parte dos pacientes e dos profissionais inseridos na equipe multidisciplinar. Uma de minhas atribuições consiste em informar ao paciente que ele também é corresponsável pelo seu tratamento, a fim de que se alcance resultados positivos. Além disso, a prevenção e o manejo correto de reações adversas são atividades pertinentes também ao farmacêutico clínico. Então, se você também deseja entrar nesse universo farmacêutico, com dedicação, tenho certeza de que terá muito sucesso.

O farmacêutico é um profissional capacitado para atuar em diferentes áreas relacionadas a medicamentos, cosméticos e alimentos. Seu campo de trabalho é amplo, desde o atendimento em drogarias até pesquisas sobre novos medicamentos. Para atuar em qualquer área, é necessário ter o diploma de bacharel em Farmácia, em curso reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), e estar registrado no Conselho Regional de Farmácia (CRF) de seu estado. Existem várias áreas de atuação da profissão, dentre as quais, pode-se destacar: Acupuntura, Análises clínicas, Banco de sangue, Biologia molecular, Citologia, Controle de qualidade, Cosmetologia, Farmácia Clínica, Farmácia de dispensação (Drogarias), Farmácia Hospitalar, Farmácia Industrial, Farmácia Magistral, Farmacovigilância, Genética, Toxicologia, entre muitas outras. 

Para efetivar o trabalho do farmacêutico clínico atuando em conjunto com outros profissionais de saúde, a implantação de uma equipe multidisciplinar na terapia antineoplásica – composta por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas e assistente social – é importante para discussão dos casos e tem efeito positivo no planejamento e escolha da terapia, com maior adesão. É também mais eficiente na tomada das decisões clínicas, promovendo melhor qualidade nas informações prestadas aos pacientes.

Na gestão eficiente das combinações de drogas no tratamento oncológico, priorizando o cuidado integral do paciente e sua saúde, acima de tudo, o objetivo da Atenção Farmacêutica é conseguir a máxima efetividade dos medicamentos em uso pelo paciente. O farmacêutico não irá substituir nenhum outro profissional de saúde em sua função, mas seu objetivo é trabalhar em equipe. Não iniciará e não suspenderá nenhum tratamento. Também não irá  modificar a posologia prescrita pelo seu médico e, sempre que necessário, entrará em contato com o médico, visando melhorar o tratamento farmacológico. É importante, também, que o paciente seja sensibilizado sobre a ideia de corresponsabilidade e colaboração, conferindo adesão e consequente eficácia ao tratamento. 

Quando se fala no papel da farmácia clínica no tratamento de doenças crônicas, como o câncer, a importância da assistência farmacêutica de qualidade é reforçada pela descoberta de novas terapias medicamentosas. A farmácia clínica passa a ter atuação sobre a decisão clínica, operando com uma equipe multiprofissional no acompanhamento dos pacientes. A principal função do profissional farmacêutico nessa área é promover o uso racional de medicamentos, com objetivo de melhorar a farmacoterapia do paciente e promover saúde.O desempenho dos farmacêuticos vai além do preparo dos antineoplásicos (que combatem células cancerosas). Além de analisar a prescrição, de acordo com as condições clínicas do paciente, e do protocolo de tratamento estabelecido, o farmacêutico clínico avalia as possíveis interações medicamentosas. O acompanhamento farmacoterapêutico é de suma importância durante a dispensação dos quimioterápicos orais, a fim de garantir a adesão ao tratamento, bem como o uso seguro do medicamento para obter eficácia terapêutica. 

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No Brasil, o mercado de trabalho tem grandes diferenças regionais. O Sudeste, por exemplo, é a região com maior prevalência de profissionais, com cerca de 40% dos farmacêuticos brasileiros. No Rio de Janeiro, a área de atuação com maior número de profissionais ainda é a Farmácia / Drogaria, seguida das Análises Clínicas. Vale ressaltar que a atuação farmacêutica vem crescendo na área de pesquisas, bem como a estética.

Cursos de especialização, pós-graduações e atualizações são, sem dúvidas, importantes para a formação profissional e agregam melhores técnicas para aperfeiçoamento do trabalho. Além disso, atualizações constantes são necessárias, bem como a leitura em outros idiomas, principalmente, o inglês, devido às novidades da ciência, das leis e exigências da vigilância sanitária. 

O Brasil ainda não é referência no segmento farmacêutico, infelizmente. Na década de 60, estudantes e professores da Universidade de São Francisco (EUA) criaram o movimento denominado “Farmácia Clínica”. Após debates, a ideia surgiu devido à insatisfação da visão do farmacêutico como mero vendedor de medicamentos. A partir desse contexto, os estudos na área foram intensificados, até que, em 1990, foi utilizado por Hepler e Strand o termo Atenção Farmacêutica, definindo que o papel do farmacêutico é a prevenção de doenças e promoção de saúde, junto com outros membros da equipe sanitária. No Brasil, em contrapartida, a proposta do Consenso para Atenção Farmacêutica foi iniciada a partir de 2002. Ainda é preciso muito progresso, porém estamos conquistando nosso espaço dentro do segmento da saúde. 

Como bons exemplos na área de Atenção Farmacêutica mundo afora, destacam-se os Estados Unidos e Espanha, pioneiros no serviço, por meio do desenvolvimento de ferramentas, como o método Dáder. O procedimento se baseia na obtenção da história farmacoterapêutica do paciente, ou seja, na identificação dos problemas de saúde que ele apresenta e dos medicamentos que utiliza, além da avaliação de seu estado, a fim de detectar e resolver os possíveis Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM), para que, posteriormente, sejam realizadas as intervenções farmacêuticas necessárias.

Larissa Ferreira de Souza é graduada em Farmácia e Biomedicina e especialista em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica.