Em busca de Curitiba perdida

Por Marina Cabral da Silva

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No primeiro texto Em busca de Curitiba perdida o narrador faz referência à cidade que para ele é a real, como por exemplo, no trecho “... essa Curitiba merdosa não é a que viajo. Eu sou da outra, do relógio na Praça Osório que marca implacável seis horas”.
Pensão Nápoles conta a história de Chico, um rapaz que sempre ambicionou ir para outra cidade. Ele já tinha morado em todas as pensões. Era escriturário, tinha um bigodinho e muitas vezes noivou. Em vez de partir trocava de emprego, noiva e pensão. Teve tifo e depois pneumonia e foi nas alucinações que se lembrou de quando fugira de casa, com o pai morto é que descobriu que dia após dia esperavam sua volta. Propunha às noivas fugirem pra outra cidade, mas nenhuma aceitava e assim acabou só e doente.

Em Lamentações de Curitiba, faz-se uma apologia aos textos bíblicos quanto ao fim dos tempos e ao juízo. Assim, este fala sobre o fim e o juízo da cidade.

Uma vela para Dario conta a história de Dario que vem correndo pela rua com um guarda-chuva, ao cruzar a esquina diminui o ritmo até que se senta no chão. Sua boca começa a espumar e a multidão se junta ao redor do rapaz que estava sofrendo um ataque. No decorrer do sofrimento levam-lhe o guarda-chuva, o relógio, os sapatos. Alguns homens o carregam para um táxi mas pela falta de alguém que pagasse a corrida o abandonam no chão. Levam-lhe os documentos com a carteira, o paletó e a aliança. Dario já estava morto, um menino lhe trás uma vela acessa. A chuva volta e a vela já no fim se apaga.

Em Balada do Vampiro fala-se dos desejos de um rapaz frente às moças de Curitiba e a rejeição que de muitas recebe. E em Cemitério de elefantes fala-se sobre a vida de pobres que levantam quando a fome aperta e vão ao mangue em busca de caranguejos, onde cada um come o que pesca e respeita o espaço do outro até que essa vá embora.
Dá uivos, ó porta, grita, ó rio Belém fala da vida dos moradores de Curitiba. A beleza de uma moçinha que caminha na rua, as criadas que buscam o pão, uma freira carregando um jornal com notícias que a aterroriza, o menino no sinal, dois velhinhos e casais que discutem e um mata ao outro.

Em Duas rainhas, a história de duas irmãs gordas, filhas de pais gordos. Uma se casa e o marido ao decorrer do tempo vê o casamento esgotado. Tem vergonha da mulher obesa, que finge regimes e por fim acaba na janela com a irmã a se deliciar com guloseimas.

O senhor meu marido narra o casamento de João e Maria. Ele era garçom e trabalhava duro para mimar a esposa que o traía constantemente, trocando de tempos em tempos de amantes. Mas João, que era manso e bom, tinha Maria como única, aceitava as traições a assumia as filhas e se mudava para outro bairro. Foi até que Maria partiu e depois quis buscar as filhas que afirmava ser apenas sangue dela. Então ela adoeceu João a buscou. Depois que sarou continuou a trair o marido.

Em Canção de exílio o narrador revela o desejo de partir de Curitiba e de forma alguma morrer em tal cidade da qual critica os hábitos. Quem tem medo de vampiro, critica o poeta e o escritor que sem originalidade escrevem as mesmas coisas falando sempre dos incontáveis João e Maria.

Em Clínica de repouso temos a história de dona Candinha que a pedido da filha permite que João vá morar na casa delas como hóspede da família. A filha namorava João e o rapaz e o relacionamento desagradava Candinha. Foi até que ela exigiu que ele fosse embora, a filha como resposta colocou a mãe em um manicômio e ali ela ficou sem poder reclamar e alimentando-se de biscoitos.

Cartinha a um velho poeta é mais uma crítica. Critica-se a farsa da literatura dos poetas, como tudo, segue os padrões e não tem nada de arte.

Noites de Curitiba fala sobre Serginho, um galã da noite que se encanta por uma bailarina, Marina, juntos ingressam no romance. Mais ele se cansa dela e busca novas mulheres. Ela afirmava que fazia tudo por ele. Ele viajou com uma nova amante para o Rio e ela na tentativa de ainda tê-lo o presenteou com um carro novo. E ele viaja com a amante no carro. Foi um garçom que a consolou. Depois ele viu que ela era a mulher da vida dele.

Lamentações da Rua Ubaldino fala do fim da Igreja central, dos irmãos cenobitas e dos moradores da rua com sua música.

A faca no coração fala sobre João que é abandonado pela esposa Maria, as filhas todas tomam partido dela. E ele vive com pena de si mesmo, mas em conversa com um amigo deixa de lado o que passou e resolve viver um novo amor. Uma viúva lhe chama a atenção e assim as coisas ganham novo aspecto.

Cartinha a um velho prosador traz novamente crítica aos escritores. Criticam as idéias copiadas, os adjetivos, sentimentos e pontos de exclamação mentirosos. E a ambição de tais.

Uma negrinha acenando conta a história de uma jovem prostituta. Um homem pára e lhe dá carona, ela entra no carro. Ele pergunta sobre a vida e ela responde que trabalha há um ano e tem um filhinho de quase um ano. Pergunta quem foi o primeiro e ela diz que foi o noivo que queria saber se ela era moça, os pais não sabiam e achavam que ela era diarista, tinha dias bons e dias ruins, atendiam nos carros e no mato e quase nunca sentia prazer, quando chovia e fazia frio era pior. Ele pára o carro e ela desce.

Receita de curitibana fala sobre a mulher, afirma não existir a bela ou a feia. E que cada mulher tem seu encanto e é isso o que vale. Se é santa ou pecadora não importa. Valoriza-se os dotes físicos e morais de cada uma.

Com o facão dói conta a história de uma família pobre e vítima do alcoolismo do pai, João. Ele bebe o dia inteiro, não trabalha e recebe tudo na mão. Espanca a mulher, Maria, e as cinco filhas. Abusa das duas mais velhas e vive alucinado dizendo que Maria é uma feiticeira que o persegue. Maria é lavadeira, a filha mais velha, Odete, é caixeira e a outra, Rosinha, é doméstica, juntas sustentam a casa.

Que fim levou o vampiro de Curitiba assemelha-se a lembranças. Questiona-se o fim que levaram personalidades da cidade. Tais como as cafetinas, a garçonete banguela do café Avenida, o Candinho do cabelo fulgurante de brilhantina, o Carlinhos e o João Banana, o bordel encantado das normalistas, a Nélcia, as loirinhas gorduchas do Bar Palmital e etc.

Cinco haicas conta de uma velha que ao ouvir os xingamentos de João dá graças por ele estar vivo, o velho que bate na mulher, um homem com catarata, um velhote com amnésia e uma velha pensando em iniciar a vida.

E por fim em Curitiba Revistada fala-se da farsa presente na cidade que é maquiada para passar-se como um lugar maravilhoso, mas onde na verdade a origem foi perdida e se torna uma cidade desconhecida pelo autor.

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Por Rebeca Cabral