Você sabe a resposta das questões mais difíceis de História do Enem 2016?

As dificuldades nas questões de História do Enem 2016 foram pontuais, como no uso de linguagem visual e análise de trechos que trouxeram definição de conceitos.
Por Daniel Neves Silva

Questões de História do Enem podem conter dificuldades de diversas ordens.
Questões de História do Enem podem conter dificuldades de diversas ordens.
Crédito da Imagem: Andrey Armyagov/ Shutterstock
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As questões de História presentes na seção de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 apresentaram um grau de dificuldade mediano. No geral, houve abordagem tanto de temas recorrentes, como República Velha, Era Vargas e América Colonial, quanto de temas pouco frequentes, como a Revolução Iraniana. Pegando o gancho da questão sobre a Revolução Iraniana de 1979, um ponto importante que merece ser destacado é o uso de linguagem visual na elaboração das questões – o que pode suscitar algumas dificuldades. A referida questão teve como ponto de partida um trecho da graphic novel (HQ) “Persépolis”, da quadrinista iraniana Marjane Satrapi.  

Vejamos (orientamo-nos aqui pelo Caderno Azul, n. 1, do primeiro dia):

Questão 22, Enem 2016.

Percebemos que a questão não apresenta nenhum outro texto complementar referente ao contexto da Revolução Iraniana de 1979, que instituiu o regime teocrático dos aiatolás. Toda a sua fundamentação está embasada no trecho da HQ de Satrapi, que traz uma sequência de quatro quadrinhos que mostram a relação direta entre a obrigatoriedade do uso do véu nas escolas do Irã a partir de 1980 e a revolução, ocorrida no ano anterior. Veja a resposta no final da página.

Nessa prova de 2016, é possível dizer que uma das questões que apresentaram mais dificuldade foi aquela sobre a modernidade (número 41, também do Caderno Azul, n. 1, do primeiro dia), que teve como ponto de partida um trecho da obra “Tudo o que é sólido se desmancha no ar”, do filósofo americano Marshall Berman. 

Vejamos:

Questão 41, ENEM 2016.

A dificuldade inicial que essa questão apresenta é o fato de ela permear todas as disciplinas do campo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, isto é, Geografia, História, Sociologia e Filosofia, haja vista que a definição de modernidade dada por Berman atravessa temas como a relação com o meio ambiente, fronteiras geográficas, raça, nação, classe etc. Além disso, a questão pede ao candidato que aponte qual alternativa descreve a interpretação da modernidade dada por Berman. 

Respostas

A primeira questão pede ao candidato que assinale a alternativa que mostre qual é a relação implícita. A resposta correta é a letra E: transformação política (a Revolução, que também teve caráter religioso) e a modificação de costumes (o uso obrigatório do véu). 

Na segunda questão, ao analisar o trecho apresentado e as alternativas, o candidato pode ficar em dúvida entre a letra A e E, como explicaremos em seguida. 

A segunda frase do trecho de Berman pode dar ao candidato a impressão de que a letra E, que aponta para a concepção de modernidade como um processo histórico homogeneizador, é a correta, já que nela está dito: “A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade, nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Essa “unidade da espécie humana”, a partir da integração do globo terrestre – processo que ocorreu na modernidade (a começar com as grandes navegações do século XVI) –, pode dar a entender que o autor vê a modernidade como um “processo histórico homogeneizador”. Não seria incorreto dizer que sim, em dada medida, pois a modernidade tem essa característica. 

No entanto, quando lemos todo o trecho, percebemos que Berman procura ressaltar as contradições inerentes ao que é “ser moderno”: ao mesmo tempo em que se progride muito, destrói-se muito também. A dinâmica da ação humana na modernidade, para o autor, pode ser definida por essa oscilação. Portanto, a alternativa correta é a letra A: dinâmica social contraditória.

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