Questão 09 - Primeiro dia - Correção da Segunda fase - Fuvest 2012

Questão 09 - Primeiro dia - Correção da Segunda fase - Fuvest 2012
Por Oficina do Estudante

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Leia o excerto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.

Na sala, a tia Vicência ainda nos esperava desconsolada, entre todas as luzes, que ardiam no silêncio e paz do serão debandado:

─ Ora uma coisa assim! Nem querem ficar para tomar um copinho de geleia, um cálice de vinho do Porto!
─ Esteve tudo muito desanimado, tia Vicência! ─exclamei desafogando o meu tédio. ─Todo esse mulherio emudeceu, os amigos com um ar desconfiado...
Jacinto protestou, muito divertido, muito sincero:
─ Não! Pelo contrário. Gostei imenso. Excelente gente! E tão simples... Todas estas raparigas me pareceram ótimas. E tão frescas, tão alegres! Vou ter aqui bons amigos, quando verificarem que eu não sou miguelista.
Então contamos à tia Vicência a prodigiosa história de D. Miguel escondido em Tormes... Elaria! Que coisas! E mau seria...
─ Mas o Sr. Jacinto, não é?
─ Eu, minha senhora, sou socialista...

a) Defina sucintamente o miguelismo a que se refere o texto e indique a relação que há entre essa corrente política e a história do Brasil.

b) Tendo em vista o contexto da obra, explique o que significa, para Jacinto, ser “socialista”.

 

Respostas:

a) Miguelismo é definido por aqueles que defenderam oreinado de D. Miguel I de Portugal, entre 1828 e 1834. Os miguelistas secaracterizaram como conservadores, absolutistas. Tal corrente se relaciona à história do Brasil porque osMiguelistas acusavam D. Pedro de ter abandonado Portugal para ficar no Brasil,deixando sua filha, Maria da Glória, no poder.

b) Para além das filosofias políticas exploradas pelos realistas em suas obras, úteis como ferramenta de análise social, Jacinto propõe um socialismo destinado a melhorar a vida dos mais pobres e necessitados. Não há uma adequação rigorosa dessas propostas ao Socialismo de Proudhon ou de Marx. Não se trata de revolução proletária ou da eliminação da propriedade privada. Há uma simples visão do patrão, que continuaria como patrão, dono dos meios produtivos, e que se preocupa com as carências observadas entre os seus colonos em Tormes. Esse debate já tinha sido estimulado no livro na passagem em que José Fernandes e Jacinto debatem sobre as desigualdades sociais observáveis em Paris a partir de uma visita do alto de Montmarte, na Igreja do Sacré Couer.

 

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