Comentário Redação 02 - Unicamp 2012

Por Thiago Ribeiro

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A segunda proposta exigiu que o vestibulando se imaginasse no seguinte contexto de enunciação: o emissor teria que ser um aluno de uma escola que, apoiado pelos colegas, iria escrever um manifesto para ser lido em uma reunião de pais e professores com a direção da escola. Este documento teria sua origem motivada pelo fato de a direção da escola ter efetuado um monitoramento da utilização das redes sociais pelos estudantes, a partir de um evento que teria desagradado à  direção da instituição educacional.
Não ficou claro, na proposta, se o documento deveria ter sido escrito apenas por um aluno ou por um grupo de estudantes; portanto, a proposta deixou a desejar no que diz respeito a esclarecer, ao vestibulando, se a autoria teria que ser individual ou coletiva. Apenas ficou evidente o direcionamento de tal texto: para pais, professores e diretores da instituição, já que a situação em que o documento seria lido era uma reunião tipicamente escolar. O aluno, portanto, teria que explicitar, em seu texto, os interlocutores e a autoria (individual e/ou coletiva).

Dada a situação de interlocução, o candidato deveria escrever um manifesto, gênero textual de tipologia argumentativa e panfletária, na modalidade oral formal (sem gírias e sem informalidades similares). A proposta, mais uma vez, pecou ao não deixar claro ao candidato se ele teria que adequar o gênero “manifesto” – que normalmente é escrito –  ao registro oral, incluindo marcas típicas da situação oral formal, como a saudação; ou se deveria escrever um manifesto e lê-lo, sem essas marcas.

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Pela terceira vez, a proposta deixou a desejar ao não explicitar se o posicionamento dos alunos deveria ser, necessariamente, a favor ou contrário ao monitoramento escolar das redes sociais. A escolha mais provável efetuada pelos vestibulandos seria a de discordar do monitoramento. Seguindo este posicionamento, o candidato teria que declarar o motivo que originou o cerseamento virtual. Para cumprir tal tarefa, o candidato poderia encontrar, no texto base, várias ocorrências que poderiam inspirá-lo a criar o motivo que constaria no manifesto. Ainda nesse procedimento oral e/ou escrito, o vestibulando teria que explicitar o seu posicionamento apoiado pelos próprios colegas, bem como elaborar uma estratégia argumentativa que sustentasse tal posicionamento. O autor do texto (individual e/ou coletivo) teria ainda que convocar pais, professores e alunos a agirem de acordo com o que estava(m) defendendo.

O que não poderia deixar de estar presente, nesse segundo texto, era um bom trabalho argumentativo e a elaboração de um contexto de verossimilhança adequado ao que foi pedido pela proposta. Infelizmente, a segunda produção textual teria sido cumprida com muito mais segurança pelo candidato, se houvesse um cuidado e uma clareza maiores na elaboração da proposta.