Machismo no Esporte

Campeonato de skate com premiação diferente para homens e mulheres e o fim das grid girls levantaram discussões sobre o machismo no esporte.
Em 01/02/2018 14h16 , atualizado em 01/02/2018 14h42 Por Adriano Lesme

Premiação diferente em campeonato de skate levantou discussões sobre machismo no esporte
Premiação diferente em campeonato de skate levantou discussões sobre machismo no esporte
Crédito da Imagem: Instagram
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Essa semana, duas notícias suscitaram discussões sobre o machismo no esporte. Em Santa Catarina, um campeonato de skate deu premiação maior para a categoria masculina. O outro episódio envolve a Fórmula 1, que decretou o fim das grid girls (mulheres que seguram a placa com o nome do piloto no grid de largada).

Apesar de os dois fatos terem sido interpretados como machismo no esporte, há diferenças entre eles. No caso do campeonato de skate, houve uma tentativa - que não deu muito certo - da organização em apoiar o skate feminino. Já na Fórmula 1, as grid girls realmente representavam o machismo e foi um acerto a decisão.

A polêmica do campeonato de Skate

A polêmica começou quando a organização do campeonato Oi Park Jam 2018 postou uma foto na rede social Instagram, na qual mostrava os vencedores das competições masculina e feminina carregando o cheque com o valor da premiação: 17 mil para o skatista e 5 mil para a skatista. A diferença de valor chamou a atenção, no que seria uma indicação de machismo no esporte.

Valores da premiação do Oi Park Jam foram diferentes

Obviamente, premiar melhor os homens em um mesmo campeonato é machismo. No entanto, a organização do evento só explicou depois da repercussão negativa que o campeonato masculino é diferente do feminino. O primeiro é profissional e o segundo é amador. Essa simples explicação poderia evitar a polêmica, por isso acredito que faltou sensibilidade da organização na hora de publicar a foto.

O skate é um esporte majoritariamente masculino, como explicou a própria vencedora do Oi Park Jam, a skatista Yndiara Asp, em entrevista ao UOL Esporte: “O skate feminino começou mais tarde que o masculino, eles já estão na luta há mais tempo, a gente já está chegando agora. É uma grande conquista ter atletas femininas nesse campeonato, ter a transmissão ao vivo, com certeza mais meninas vão querer participar”.

Por isso, analisando o cenário do skate no Brasil, o campeonato foi uma evolução na luta contra o machismo no esporte e não o contrário. A organização do evento espera que mais mulheres possam se profissionalizar no skate para criarem um campeonato só com profissionais, assim como acontece no skate masculino. Os profissionais atraem mais patrocinadores e, com isso, a premiação é maior.

O fim das grid girls

A presença das grid girls no automobilismo é, sem dúvidas, um dos principais símbolos do machismo no esporte. A Liberty Media, que assumiu o controle da Fórmula 1 há cerca de dois anos, em seu comunicado, afirmou que a presença das grid girls não é “condizente com os valores da marca” e com as “normas da sociedade moderna”.

Grid Girls
Presença de grid girls é comum em corridas de alguns países, como o Japão

Por mais que o esporte motor também seja majoritariamente masculino, assim como no skate, os casos são diferentes porque as grid girls não competem, elas são colocadas como objetos de contemplação do público e pilotos. Além disso, elas são assediadas e hostilizadas pelo público que comparece às corridas.

A decisão revoltou alguns fãs da Fórmula 1, a maioria homens, que se dizem preocupados com o emprego das garotas. Será? O que eles não sabem é que grid girl não é profissão. São modelos contratadas para um evento específico no ano.

O fim das grid girls é um importante passo na luta contra o machismo no automobilismo. Ficar ao lado dos carros com roupas sensuais não deve ser o papel das mulheres no esporte. Atualmente, elas têm alcançado cargos de chefia e engenharia das equipes e, em breve, veremos uma pilota na categoria mais importante do automobilismo.