Em busca de Justiça - Banco de redações

Não há dificuldades em admitir que os cidadãos devam obedecer a leis justas existentes em seu país. A convivência harmônica de uma sociedade depende disso. Afinal, foi com tal objetivo de manter a organização e visar o bem comum que o Estado foi criado e sua Constituição também. O problema, contudo, é quando as leis detêm um comportamento nitidamente injusto e imoral. Diante disso, cabe à população reagir, exigindo de seus governantes o respeito aos direitos individuais e sociais através da reformulação das leis tidas como inaceitáveis.

O não cumprimento da lei pela contrariedade para com a mesma deu origem ao termo Desobediência Civil, criado pelo pensador americano Henry D. Thoreau. A definição, porém, vai além do simples fato da desobediência, refere-se ao “ato público, não violento, consciente e não obstante um ato político, contrário à lei, geralmente praticado com o objetivo de promover uma mudança nesta e nas políticas do governo”, como explicou John Rowls, em Uma Teoria da Justiça. Pode-se perceber, assim, que a desobediência civil se difere totalmente da Anarquia, a qual se caracteriza por ter caráter destruidor e violento.

Segundo Thoreau, “Há aqueles que não compactuam com a injustiça, a prepotência, a arrogância ou o roubo. Há os que se acomodam. Quem se acomoda, em geral, vive melhor mas, como dizia Leonardo da Vinci, não passam de meros condutores de comida, não deixando rastro algum de sua passagem pelo mundo exceto latrinas cheias...” Pessoas acomodadas são dominadas pela covardia, por esse motivo seus nomes não serão lembrados. Em contrapartida, as que não aceitam injustiças e vão à procura de mudanças são as que realmente se destacam, tornam-se líderes, talvez mundialmente conhecidos, por sua coragem e perseverança. São exemplos: Mahatma Gandhi, que incorporou a não violência à desobediência civil, por ser extremamente contra qualquer ato violento. Teve papel decisivo na libertação da Índia em 1947, até então dominada pelas “garras” inglesas, no Neocolonialismo. Rosa Parks que resistiu à segregação racial, nos Estados Unidos, ao recusar-se ceder lugar no ônibus para uma mulher cuja pele era branca. Segundo a lei, os negros deveriam levantar-se e deixar as pessoas consideradas “superiores” sentar. Não foi o que fez essa mulher negra de 42 anos. Seu gesto deu início a manifestações de Martin Luther King, que ficou famoso pelo seu discurso proferido em Washington, no qual esclarece sua contrariedade para com a discriminação racial. Seu posicionamento pode ser notado no trecho em que declarou: “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele”. Tal discurso paralisou o mundo por instantes e redirecionou a história dos negros no mundo. Nelson Mandela é, assim como Martin, um defensor do tratamento igualitário entre povos, foi extremamente importante para o fim do apartheid na África do Sul. Dentre os nomes citados acima estão inúmeros outros que, da mesma maneira, promoveram manifestações de desobediência civil e mudaram efetivamente a situação vigente em cada um dos lugares onde ocorreram.

Embora contrária à lei, a desobediência civil é moralmente correta, pois visa à defesa dos princípios da justiça e, deste modo, uma melhor convivência social.